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Jundiaqui

 Tragédia de Brumadinho: mãe de jundiaiense sente dor sem fim
12 de abril de 2019

Tragédia de Brumadinho: mãe de jundiaiense sente dor sem fim

Silvia Helena Ferraz Santos espera pelo corpo para poder enterrar filho e chora no país em que reina a ganância

Edu Cerioni 

Na véspera em que seu filho será homenageado pela torcida do Paulista Futebol Clube, a jornalista Silvia Helena Ferraz Santos, 61 anos, falou ao JundiAqui sobre a tragédia de Brumadinho que desabou sobre sua família no último 25 de janeiro, para ela um dia que jamais será esquecido. Foi quando seu filho Luis Felipe Alves, de 30 anos, foi encoberto pela lama e pelo descaso brasileiros.

Luis, ou o Fe como a mãe o chama carinhosamente, segue na lista de desaparecidos após 78 dias do rompimento da barragem da empresa Vale do Rio Doce, com 225 mortos já confirmados e outros 68 sob suspeita – as buscas continuam. Ela não fala sobre esperança, mas deixa a entender que espera pelo menos ter um corpo para enterrar com dignidade.

Silvia voltou ao trabalho e vem fazendo um tratamento psicológico, indo “um dia de cada vez, no máximo sobrevivendo”. Ela não foi a Brumadinho, porque entrou em estado de choque e tem problemas para dormir. “O meu pior momento é quando chega a noite, nos falávamos sempre antes de dormir. ‘Te amo demais, mãe. Descanse’, era como ele se despedia toda vez”. São palavras que ecoam forte…

Sobre o filho, o define assim: “O Fe era e é lindo, um profissional exemplar, sempre alegre, coração enorme. Ele tinha alegria e humildade contagiantes. Um cidadão jundiaiense exemplar, muito justo, batalhador, estudioso demais. Este ano concluiria em agosto a sua terceira faculdade. Só tenho orgulho, assim como é com seus irmãos, João Augusto e Lívia Maria”.

Luis morou um tempo no Litoral e estava ultimamente em Minas Gerais. “Tinha só 30 anos, uma vida toda pela frente. Adotou Minas e lá se instalou para trabalhar, morava em Belo Horizonte, antes em Mariana, gostava demais do povo bom da terrinha; a namorada e também engenheira Lívia (mesmo nome da irmã) hoje sofre a sua ausência… Ligados sempre, eternamente”.

Silvia lembra quando os filhos eram mais novos e sua casa sempre foi muito movimentada, repleta de amigos que nunca vão esquecer o que aconteceu com ele e os demais que estavam naquele fatídico dia em Brumadinho. “Foi cruel, foi criminoso! É revoltante saber que em nosso país reina a ganância, o descaso com a população, a soberba”.

Sobre a Vale a define assim: “Aquela empresa lixo, que deixou uma imagem repugnante de que o dinheiro fala mais alto, custe o que custar, que passa por cima de quem quer que seja com sua lama que leva embora a vida”.

E prossegue em seu depoimento comovente: “Perder um filho é duro demais, e isso é ainda mais forte quando é dessa maneira criminosa. É dor sem fim”.

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