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Jundiaqui

20 de dezembro de 2017

Jesus nasce no coração de todos!

Por Nelson Manzatto

Os bancos da igreja começaram a ficar lotados de fiéis, mesmo faltando uma hora para o início da Missa do Galo. As pessoas chegavam sorridentes, se cumprimentando, desejando Feliz Natal. As crianças corriam pelos corredores, trombando com os mais idosos ou procurando o presépio montado no fundo da Igreja.

O vigário estava na porta da matriz, esperando a chegada dos fiéis. Às vezes, uma criança menos tímida pulava no colo do sacerdote, perguntando por que o menino-Jesus não estava no presépio. “Ele só nasce à meia-noite”, respondia sorridente o padre.

Quando faltavam 20 minutos para o início da cerimônia, com a igreja já completamente lotada, um fato estranho aconteceu. O padre, ainda na porta da Igreja, visualizou uma mulher subindo os degraus com uma criança no colo. Até aí, a cena poderia ser considerada comum, não fosse o que aconteceu depois.

A mulher aproximou-se do sacerdote e, depois de desejar Feliz Natal, queria entregar o bebê ao padre. “Não tenho como criar ele”, dizia nervosa a mulher. “Não posso assumir isso”, dizia o padre, alegando que, no dia seguinte, ela poderia mudar de ideia e querer a criança de volta. “Já tenho cinco, não dá para criar mais este com meu marido desempregado”.

O padre coçou a barba, ajeitou os óculos sobre o nariz e resolveu assumir a criança, com uma condição: que a mulher participasse da missa até o final!

Compromisso assumido, o padre vai para a sacristia vestir os paramentos para iniciar a cerimônia. A criança ficara na sacristia aos cuidados de uma paroquiana, enquanto a mãe-desistente ajeitava-se no último banco.

Durante a homilia, o padre falou da importância do Natal, lembrando que o menino-Deus não tinha onde nascer e acabou vindo ao mundo, numa pequena manjedoura. Lembrou da importância de ser mãe, contou a história de Maria e sua disponibilidade em aceitar ser a mãe de Deus, mesmo não conhecendo homem algum.

Depois da comunhão, o padre fez os fiéis se sentarem, dizendo que, finalmente, o menino-Jesus, seria colocado no presépio. As luzes da Igreja se apagaram, as crianças se ajeitaram nos bancos e os mais idosos ameaçaram derramar algumas lágrimas, pois a cena seria igual a de todos os anos: uma criança entrava na Igreja com a imagem do menino-Jesus e a colocaria no presépio.

Mas desta vez o fato foi diferente e fez com que todos se levantassem em pé, quando o próprio padre deixou o altar e reapareceu, um minuto depois, na porta dos fundos da Igreja, com um bebê no colo. Um holofote foi acesso exatamente onde o padre estava e todos viram um vulto se mexendo em seus braços. Apenas uma toalha envolvia a criança.

O sacerdote caminhou alguns passos em direção ao presépio. Todo mundo queria ver o bebê que se mexia em seus braços, mas não chorava. As pessoas percebiam um homem trêmulo, emocionado, levando o bebê. Com jeito, ele esticou os braços e colocou o recém-nascido no local onde deveria estar o menino-Jesus.

Ouviram-se alguns soluços pela igreja. O padre afastou-se e voltou para o altar. Dali, ele deu a mensagem final. A mensagem de encerramento da missa: “meus filhos: hoje nasce aqui, o menino-Deus. Aquele que vai salvar a humanidade. Mas, como há dois mil anos, ele foi rejeitado pelo mundo, pelas pessoas, por todos…”

No último banco da igreja, um choro forte se ouviu. As pessoas se voltaram para trás e viram a mulher correr em direção ao presépio e apanhar seu filho. Soluçando se dirigiu ao padre, se desculpou pelo que dissera e garantiu que criaria seu filho como um homem digno. O padre relatou a todos o que acontecera antes da missa começar e, como num milagre de Deus, todos os fiéis se dispuseram a ajudar a criar o bebê.

E mesmo que o final tenha sido diferente daquele vivido pelo pequeno Jesus, as pessoas se abraçaram, desejando um Natal mais santo, mais vivo, mais cheio de amor. Principalmente porque todos viram a chegada do pequeno Jesus, porque “tudo que fizerdes ao mais pequenino dos seres, a mim o fazeis!” E todas as mães presentes à missa se sentiram um pouco Maria e os pais um pouco José…

(Nelson Manzatto ganhou o 2° lugar no I Concurso Histórias de Natal, do Movimento Vida Cristã, em 2003)

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