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Jundiaqui

 O tomateiro gigante
13 de abril de 2020

O tomateiro gigante

Por José Arnaldo de Oliveira

A Vila Argos Velha, nos anos 80, tinha um charme especial. Certa vez, em uma noite pré-natalina, presenciei com amigos uma árvore quase seca repleta de penduricalhos como caixinhas, discos de vinil, enfeites. Comentei que havia muitos jovens criativos ali e me responderam que na verdade aquilo era coisa dos velhos moradores – e moradoras, na maioria.

Havia algo mágico. Eu conhecia alguns deles. A mais próxima, a Dona Nina Cerioni, era mãe da Anita, que havia conhecido nos movimentos ecológicos que a partir da passeata de 1978 lutariam até alcançarem o tombamento da Serra do Japi em 1983. E do Edu, que eu conheceria nos preparativos do curso de jornalismo e nas fortes e lindas movimentações culturais da cidade, sendo depois parceiro no Jornal Rio Branco em meu bairro de origem.

Pois bem. Foi com a dona Nina que vivenciei o milagre. Em seu quintalzinho minúsculo, ao lado de histórias sobre a ópera “La Traviata”, da Pio X no então em ruínas Teatro Polytheama, que cultivou um pé de tomate que cresceu sem parar. Coisa de Irmãos Grimm.

Em suas contas, dezenas de vizinhos saborearam os tomates do pé que avançou pelos telhados para outros quintais. Também ajudei a contar a história, cada vez mais aumentada é claro.

Neste momento, faço um brinde ao tomateiro. E aos valores de magia, vizinhança e amor à vida.

José Arnaldo de Oliveira é jornalista e sociólogo 

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