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Jundiaqui

 Sônia Cintra. Soninha poeta
2 de março de 2018

Sônia Cintra. Soninha poeta

Por José Renato Nalini

Não pensei que Sônia Cintra, a querida Soninha, fosse partir tão cedo. Acreditei, ingenuamente, que vencera o câncer. Seu entusiasmo, sua coragem e vontade de viver devem ter iludido tantos outros. Mas ela partiu.

Nossa adolescência na Jundiaí tranquila dos anos sessenta foi um período muito feliz. Conheci seus pais, a Marinha Godoy, que era só sorriso, e o Coronel Roberto de Araújo Cintra. Convivemos bastante durante o período em que os jundiaienses iam para a PUC-Campinas, porque aqui ainda não havia universidade.

Aproximamo-nos mais quando ela foi despertada para a poesia, para o estudo contínuo, para o aprofundamento na pesquisa e na elaboração de excelentes produtos literários.

Tive o privilégio de integrar banca de mestrado e de doutorado na Universidade de São Paulo, ambas vencidas com galhardia.

Em 26 de maio de 2016, estava ela na sala dos professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da melhor universidade brasileira, para defender sua tese: “Paisagens Poéticas na Lírica de Albano Martins: Natureza, Amor, Arte”. Perante uma comissão composta por sua orientadora, Profa. Raquel de Sousa Ribeiro, mais as professoras Annie Gisele Fernandes, Aurora Gedra Ruiz Alvarez, Maria Helena Nery Garcez e este seu amigo, ela foi soberba. Tornou-se doutora em Literatura Portuguesa.

De havia muito acompanhava seu amor à natureza. A defesa da Serra do Japi, este patrimônio que é dádiva gratuita e que estamos a sufocar, nos aproximando, desrespeitando a área de amortecimento, deixando que os empreendimentos a “vendam” como atrativo, enquanto nada fazem para restaurar as chagas abertas pela insensatez humana.

Era vivaz, generosa, partícipe. Supriu, durante um período, uma das facetas de outra maravilhosa mulher, tão esquecida, embora tão pródiga para com Jundiaí: Mariazinha Congílio. Ambas namoraram a Academia Paulista de Letras. Sônia chegou a disputar a última vaga e foi votada. Estamos em débito para com ela, que tanto promoveu os “imortais” paulistas durante estes últimos anos. Haveria de chegar lá, não foram tão precocemente levada para a eternidade.

Cada vez que perdemos uma referência amorável, um pouco de nós também se vai. Com a partida da Soninha, este prejuízo é quase insuportável.

José Renato Nalini é secretário estadual de Educação e docente da Uninove

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