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Jundiaqui

12 de setembro de 2018

Vila Rio Branco se despede do seu Batista do mercadinho

Ele começou seu negócio como quitanda e durante cinco décadas atendeu a freguesia do bairro

Edu Cerioni

João Batista Muraro ajudou os pais na lavoura de Itupeva antes de se estabelecer em Jundiaí. Dirigiu um caminhão de entrega de frutas e verduras durante quatro anos aqui pelas ruas da cidade – um Chevrolet 1949 que adorava -, até o dia em que foi levar uma encomenda pelos lados da Barreira. Foi paixão à primeira vista.

Viu ali um prédio fechado que lhe chamou a atenção e na mesma semana vendeu o caminhão para comprar o imóvel em que abriu sua quitanda. Foi nesse mesmo endereço, a rua Dário Murari, na Vila Rio Branco, defronte para a praça Barão do Rio Branco, que ganhou a vida desde o começo dos anos 60.

A quitanda deu lugar ao Supermercado Muraro, pequeno para o que a gente vê hoje em termos de supermercado, mas grande para atender toda a clientela que tinha direito a comprar fiado e marcar na caderneta – a maioria de ferroviários e imigrantes italianos.

A primeira ajudante foi a esposa, dona Júlia, depois vieram funcionários, como o Cheleguini, que seu Batista contava ter ajudado a “bater asas”, com seu próprio comércio na rua Marechal Deodoro da Fonseca, no Centro.

Foi ali também que ganhou uma singela homenagem em 2016, quando foi saudado como herói da resistência pelos foliões do bloco carnavalesco Kekerê. A galera entoou um salve para seu Batista, que assistiu a tudo da janela do segundo andar. Em 2017, saiu à rua para ficar mais perto do calor dos carnavalescos e outra vez foi saudado. Dizem que esperou o bloco passar este ano, mas a Prefeitura de Jundiaí o tirou das ruas do bairro e o levou para a avenida dos Ferroviários… Pena!

O Muraro rivalizava, embora ele contasse que havia espaço para todos que trabalham com honestidade, com o Supermercado Ferragut e o Fracassio, este do outro lado do rio Jundiaí, tempos de menos violência e mais convivência – isso lhe batia uma forte saudade, como me contou em 2017.

Também lembrou com carinho, ao olhar o colorido do Kekerê, dos tempos que abriu seu negócio e a praça recebia pequenos circos. “Bons tempos que não voltam mais!”

Depois de se aposentar e fechar o mercadinho, que abrigou um restaurante e outros comércios, passou a curtir mais seu sítio em Cabreúva, para onde ia cuidar de suas plantas, “o que a gente sempre gosta, porque lembra a infância, as origens”.

Seu Batista morreu nesta terça-feira (11), aos 84 anos. Deixa como legado a certeza de que o trabalho enobrece o homem e que o que vale são as amizades que a gente faz pelo caminho. Foi na Paz!!!

 

 

 

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