Boa forma, alegria e juventude eterna formavam o lema da nadadora de 75 anos morta em acidente

Edu Cerioni

Elza Marina Mazzei Adolpho, de 75 anos, treinava diariamente em busca de diversão na água e, de quebra, mais recordes para sua vitoriosa carreira. Somam cerca de 900 as premiações, medalhas e troféus, colecionados em disputas dentro e fora do país.

Verdadeira poliatleta na juventude, porque  jogava bem tênis, vôlei, basquete e competia em diferentes provas do atletismo, foi na natação que se encontrou de verdade. E se jogou de corpo e alma nas provas de travessia.

Foi quando se tornou uma cinquentona que as vitórias foram surgindo e marcas sendo derrubadas no mar. A vida de atleta master lhe brindou com nove recordes pan-americanos, sete brasileiros e cinco sul-americanos.

“Quanto maior a distância, maior é minha satisfação”, contou certa vez. O sonho era atravessar o Canal da Mancha, 33,3 quilômetros de mar entre França e Inglaterra, o que apenas 35 brasileiros conseguiram até hoje. Se não realizou essa proeza, era dona de outras, como ganhar travessias como a 14 Bis, de 27 km entre Guarujá e Bertioga ou a Travessia dos Fortes no Rio. Competiu em diferentes países, da Austrália ao Canadá, da Argentina à Suécia.

Elza morreu na quarta-feira, 13 de julho, em acidente que também vitimou outra nadadora de 75 anos, Elvira Rita Valente de Almeida. Elvira era do Guarujá e Elza, nascida em Jundiaí, vivia já há décadas em Cabreúva – na casa do bairro Jacaré tinha uma piscina que usava para ensinar jovens carentes a nadar, além um lago do condomínio em que somente ela podia dar suas braçadas. O velório da atleta nascida em 18 de setembro de 1946 foi no Clube Jundiaiense, onde também costumava treinar. Depois, o corpo foi cremado em Itatiba nesta sexta (15).

As duas faleceram em um acidente na cidade de Bonito, Mato Grosso do Sul. Faziam turismo depois de participarem do Torneio Aberto Brasil de Masters, em Campo Grande. O motorista do táxi onde elas estavam perdeu o controle do carro após passar por um buraco na pista. O táxi atingiu um coqueiro e caiu em uma vala de contenção de águas pluviais, após capotar.

TOCHA OLÍMPICA

Um dos momentos mais marcantes para Elza foi em 2016, ao ter sido escolhida umas das atletas de Jundiaí a carregar pelas ruas da cidade a Tocha Olímpica dos Jogos do Rio de Janeiro – só 41 tiveram esse privilégio, como Marcel de Souza e Magic Paula do basquete e Vanessa Menga, do tênis.

Para a nadadora e também professora, o esporte corria nas veias. O pai, Mariano Mazzzei, foi jogador de vôlei e a mãe, também chamada Elza, era nadadora. Já seus dois filhos também têm ligação com esportes.

Outra paixão era a dança, tanto que Elza foi dona de estúdio na cidade e dizem que era fera no sapateado. Famosa eram as suas festas a cada cinco anos de aniversário – nos seus 60 anos foi de Marilyn Monroe, para surpresa e deleite de todos, e nos 70 apareceu com uma roupa justíssima preta e peruca amarela (foto acima).

E como amava os bichos… chegou a ter 11 gatos e seis cães convivendo em harmonia na sua casa. Ela fazia parte de associação protetora de flora e fauna.