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Jundiaqui

 George André Savy foi o “escritor piloto”
8 de março de 2023

George André Savy foi o “escritor piloto”

A literatura de Jundiaí se despediu de alguém “culto, idealista e de coração puro”, como definia Goerge André Savy a presidente do Conselho Municipal de Cultura, Rosana Congilio. George faleceu vítima de câncer aos 55 anos neste 8 de março de 2023. Sempre foi bom de escrita e de direção. O apelido “Escritor Piloto” era por conta dos contos, crônicas, poesias e romances que escrevia e do modo de dirigir que os amigos diziam mais parecer o de “um piloto de fuga”.

George escreveu seus livros e participou de diversas antologias, além de ter publicado incontáveis artigos – de 2018 para cá era colaborador quinzenal no site Jundiaí Agora. Já no site “Ônibus Brasil”, deixou o registro de centenas de ônibus em mais de 800 fotografias. É verbete no “Dicionário Bibliográfico de Escritores Brasileiros Contemporâneos” e na “Jundpédia”.

Ele publicou seus textos desde a adolescência, primeiro policiais e depois mais voltados ao transporte e a seguir também com forte apelo em defesa do meio ambiente.

Com o Clube Volvo de Coleção e Correspondência promoveu exposições e concursos de desenhos Brasil afora. Aqui em Jundiaí um projeto no mínimo inusitado foi o “Literatura nos Bares”. Se reunia com outros escritores e escritoras para declamações e, onde tinha permissão, deixava impressos colados nas paredes com poemas diversos.

Segundo o “Jundpédia”, o primeiro livro foi “Marvin”, de 1996, apontando problemas sociais que afetam a vida dos jovens. A segunda edição fez mais barulho ao trazer um cartão postal com retrato de favela de Jundiaí. E teve ainda “Marvin II”, focado nas favelas cariocas. E o escritor piloto ainda lançou “O Carro, a Máquina do Contato”, uma história de suspense que retrata aspectos do comportamento humano e suas obsessões no trânsito, e “A Evolução do Transporte de Passageiros por Ônibus em Jundiaí e Região”.

Uma ação que levou mais de 7 anos foi a pesquisa sobre hábito de leitura que fez sozinho e para a qual ouviu mais de 3,5 mil pessoas. Contou que ela marcou sua vida: “A prática como pesquisador adquiri em 1991 quando trabalhei no Censo do IBGE. Em 2007, por conta e interesse próprio como escritor, elaborei um texto para ir a campo ouvir o que o povo gosta de ler, autores preferidos, conhecimento literário regional, nacional e internacional, além de associar o hábito (ou a falta de hábito) de ler ao perfil escolar, profissional, religioso etc. Tudo feito somente por mim. O contato com o desconhecido, pessoas e lugares, proporcionou uma experiência sem igual para compreender a realidade de nossas cidades, aspectos geográficos e culturais. Permitiu sobretudo melhorar minha comunicação com gente de todas as camadas sociais, profissões e crenças”.

Nos últimos anos se dedicava também a revisar gramaticalmente textos de outros escritores, especialmente para a Editora In House, entre eles do livro “Infinita é Tua Beleza”, que escrevi sobre os 25 anos de história do bloco carnavalesco Refogado do Sandi, em 2019. Com Márcio Martelli da In House foi à Feira do Livro de Lisboa e ao lançamento de “Meu Pai foi Ferroviário” na cidade portuguesa de Entroncamento.

Nosso último encontro foi em junho do ano passado (foto acima), quando André Kondo veio a Jundiaí lançar livro na Biblioteca Municipal. Na foto abaixo, ele é o primeiro à direita, registro da Flij 2019 em setembro.

Fotos: JundiAqui, Jundiaí Agora, Ônibus Brasil e arquivo Rosana Congilio
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4 thoughts on “George André Savy foi o “escritor piloto”

Julia Fernandes Heimannsays:

Excelente esse texto sobre o George. Foi tudo isso e muito mais. Um rapaz simples e de grande competência pela garra de enfrentar desafios, o que não condizia com seu físico tão frágil. Que Deus o tenha recebido em Seus braços.

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Fathima Rodrigues Coelhosays:

Uma linda trajetória deste grande homem. É pena quê tivemos tão pouco tempo. Era um incansável divulgador, e pesquisador, e amava as letras e a literatura.

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Maria Aparecidasays:

Homenagem a George André: o menino “Volvo”!
Amado sobrinho, você sabe que não me comovo com o dia 8/3 por acreditar que, infelizmente, as festividades ficam reduzidas na métrica do apelo comercial, mas será diferente, eu irei rememorar essa data como o dia que você se transformou num CONDOR, conforme seu “desejo” expresso:

“Queria ser o condor… Aquela ave que sobrevoa os andes, no embalo do vento. Ela tem o desafio de buscar o alimento. Mas a satisfação de planar sobre as montanhas, vales, cidades. A liberdade. Condor sem dor. Não sente dor apesar do nome que lhe deram”.

Não conseguimos terminar a nossa conversa, mas rezamos juntos, e pretendo finalizá-la hoje já que você não sente absolutamente nenhuma dor e que contempla as belezas do Céu.

Você foi um menino vitorioso e inspirador: desenhou e trilhou seus caminhos com tantas peculiaridades valorosas. Viveu devotado á educação, a cultura, ao meio ambiente, sempre com honestas intenções, qualidades essas que alicerçaram os laços, os afetos e as amizades verdadeiras e eternas, e lutou bravamente, mesmo surpreendido, com o advento tão doloroso, e com resiliência.

A marca que você deixa impregnada em todos nós, família e amigos, é de igual impacto a que resta nos seus alunos, que aprenderam com você sobre geografia, literatura e, principalmente, sobre a vida, e a forma de exprimi-la em redações e textos: olhar, cuidar, implementar, elevar e fomentar a EDUCAÇÃO, conforme suas próprias palavras: “Senhor, me dê forças para continuar nas escolas, ensinando e aprendendo mais, porque a vida consiste num aprendizado contínuo. Dai-me saúde, Senhor, para continuar a jornada, nesta nova etapa…”.

Que você já esteja, nesta volta à Casa do Pai, inserido em alguma linda e leve tarefa educadora.

Saudades muitas, amado sobrinho PROFESSOR!

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Raúl Fernando Lópezsays:

Conheci o George no ano 2018, viajando ao Brasil para conhecer Ouro Preto e outras cidades de Minas Gerais e melhorar meu português, após aquela viagem ficamos em contato pelo e-mail e depois pelo WhatsApp. Viajei novamente para conhecer Atibaia e Jundiaí ficando na casa dele e da sua mãe Dona Dulce. Os temas espirituais, filosóficos e do sentido da vida sempre foram motivos de longos intercâmbios de opiniões e mensagens de texto no WhatsApp. O George sempre perguntando sobre tudo e achando novas ideais e pensamentos profundos. No final do ano 2022 ia viajar novamente pra Jundiaí, mas a situação econômica e política do meu país, moro na Argentina, deixo truncado a última oportunidade de falar, rir e abraçar o meu amigo e irmão George. Sempre vou lembrar os bons momentos que a gente compartilhou neste curto tempo das nossas vidas.
Seu irmão argentino, como você gostava de me chamar.

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