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Jundiaqui

 A lista de preconceitos que assistimos diariamente
22 de setembro de 2020

A lista de preconceitos que assistimos diariamente

Por Kelly Galbieri

Estamos no século XXI e ainda discutimos situações tão banais que, por vezes, me envergonho de comentar. Mas que se faz necessário, senão, penso, nunca mudarão.

Esta semana mal começou e já temos discussões acaloradas sobre o Magazine Luiza ter aberto programa de trainee 2021 apenas para candidatos negros. O objetivo é levar maior diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo o Brasil, no início da vida profissional, conforme informado pela própria empresa.

A mim, particularmente, parece uma ação incrível. Todos nós que queremos ter um pouco de conhecimento sobre as dificuldades que os negros encontram para chegar a um cargo de liderança em uma empresa nos sentimos acolhidos nesta proposta. Porém, como não poderia deixar de ser, uma celeuma se criou em torno do tema.

Acreditem se quiser. Um deputado afirma que representará junto ao Ministério Público, pois ele entende que trata-se de RACISMO… oi????????????? Sim! Ele acredita em racismo neste caso! Ora. E todas as outras vezes que os negros não conseguiram demonstrar seu valor? Sua capacidade? Por absoluta falta de oportunidade. Aquela que nós, brancos temos todos os dias. Isso sim é racismo.

Engraçado que temos acompanhado os casos de violência que os negros têm sofrido e não houve uma manifestação do deputado. Mas quando se pode atingir um alto posto no trabalho, aí sim, há um incômodo…

Outro caso bizarro que li foi o ocorrido na Bahia com o rapaz que tentou ir ao supermercado e foi barrado duas vezes porque seu shorts estava curto. Disseram a ele que, “enquanto ele se entendesse homem” deveria se vestir como tal, pois ali tinham crianças. Se fosse mulher poderia ter um shorts mais curto, o que ele bem comprovou dentro do estabelecimento. Engraçado como as pessoas preconceituosas sempre empurram ao outro a sua ignorância; como se isto justificasse. Neste caso, empurrou a ignorância para as crianças.

E o que dizer do rapaz italiano que matou sua irmã de 22 anos de idade porque há três anos ela namorava um homem trans? Ele “NÃO ACEITAVA”. Como assim? Ele tinha que aceitar? Era ele quem namorava? Era ele quem amava e era amado? Ele bateu com sua moto na moto do casal, matando sua irmã instantaneamente e ainda agredindo o cunhado. Será que em momento algum este agressor pensou no amor que sua irmã sentia e recebia? Na vida que sua mãe terá daqui para a frente? Tenho pena de todos os envolvidos. Isso sim.

São tantos os exemplos de preconceitos diários que assistimos que passamos a banalizá-los. Cada qual tem seu valor, sua importância, mas que destrói a vida, o lar de cada pessoa. Nós temos nosso papel enquanto sociedade. Não basta não ser racista, devemos ser anti-racistas. Não basta não ser homofóbico, devemos ser anti-homofóbicos. Aí sim teremos passado por este mundo e deixado alguma marca. As próximas gerações dependem de nós!

Kelly Galbieri é advogada e assessora de Políticas para Diversidade Sexual da Prefeitura de Jundiaí

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