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Jundiaqui

 Coroa? Parece mais outra coisa
30 de maio de 2020

Coroa? Parece mais outra coisa

Por Luiz Haroldo Gomes de Soutello

Estamos todos cansados de ver, no jornal, na televisão ou na internet, a figurinha sinistra do coronavírus: uma bolinha eriçada de pontas para todos os lados. E dizem que o nome corona vem de que essa porcaria se parece com uma coroa. Quem inventou esse nome devia consultar um oftalmologista. Coroa? Alguém já viu uma coroa esférica, com pontas para todos os lados?

O que o vírus parece mesmo é uma mina naval. Confira nas imagens aqui. Para quem não sabe, mina naval é um artefato militar concebido para destruir ou avariar seriamente navios e submarinos inimigos.

Desde sua invenção até pelo menos a Guerra Mundial (1939-1945), as minas navais consistiam em uma esfera de metal recheada com explosivo e com ar suficiente para fazê-la flutuar, solta na superfície (minas de ataque) ou presa a uma corrente que a mantinha escondida na profundidade desejada (minas de defesa). Os gatilhos eram pontas para todos os lados. Se um navio esbarrasse em qualquer dessas pontas, desencadeava a explosão.

Hoje existem gatilhos mais sofisticados e existem minas que podem ser detonadas de longe, por isso as pontas desapareceram e o formato da mina já não é necessariamente esférico. Fica portanto a ressalva de que o mal batizado coronavírus se parece com as minas navais antigas.

O poder destrutivo de uma mina naval é enorme: pode partir um navio ao meio, dependendo do tamanho. O naufrágio costuma ser muito rápido, por isso são raras as imagens de navio atingido por mina. Entre as poucas exceções está o HMS Audacious, da Marinha Real britânica, que foi fotografado e filmado em seus últimos momentos na superfície.

Em 1910 a Marinha Real encomendou a três estaleiros a construção de três superencouraçados gêmeos, o Centurion, o Ajax e o Audacious. Este último foi incorporado à frota em 15.10.1913. Media 182 metros de comprimento por 27 metros de boca e 8,7 metros de calado, deslocando 27.560 toneladas quando com a carga completa. Armado com dez canhões de 343 mm, mais armamento secundário, era protegido por uma couraça que chegava a 305 mm na linha d’água. Ele e seus dois gêmeos eram os navios de guerra mais poderosos da Marinha Real quando teve início a Grande Guerra, em agosto de 1914.

Na manhã de 27.10.1914, o HMS Audacious navegava no Mar da Irlanda, a 40 km da costa do Condado Donegal, quando, às 8:45 horas, colidiu com uma mina deixada lá dias antes pelo navio lança minas alemão Berlin. A explosão causou um rombo no casco que inundou a casa de máquinas de bombordo, fazendo o navio adernar.

Com as casas de máquinas central e de estibordo ainda operacionais, o Capitão Cecil Frederick Dampier tentou levar o navio até a costa, mas não conseguiu. Atenderam ao seu pedido de socorro o cruzador ligeiro HMS Liverpool e o transatlântico Olympic, que tentaram rebocar o Audacious, também sem sucesso. A tripulação de 860 pessoas foi resgatada e o Audacious abandonado ao seu destino, enquanto era fotografado e filmado por turistas norte-americanos que viajavam no Olympic.

Adernando lentamente, o Audacious virou de casco para cima às 20:45 horas. Às 21 horas, explodiu. Presume-se que um projétil explosivo tenha caído de seu suporte e detonado o paiol do propelente utilizado nos canhões.
Um dos estilhaços arremessados pela explosão matou um suboficial do HMS Liverpool, a 730 m de distância. Foi a única vítima fatal daquele naufrágio. Vá ser azarado assim não sei aonde.

Para não terminar com essa nota triste, fica registrado, para os fãs do Tintin, que o comandante do Olympic chamava-se Capitão Haddock. Por extenso Capitão Herbert Haddock.

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