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 Obedecer? A quem?
21 de outubro de 2020

Obedecer? A quem?

Por Luiz Camolesi – bacharel em Teologia da PUC-SP

A palavra obediência, muito usada no nosso dia a dia, significa a fidelidade ao cumprimento de ordens ou leis emanadas dos superiores; uma observância cuidadosa, se não escrupulosa, de tudo o que é mandado. Afinal, o “Dicionário Houaiss” registra obedecer como: 1. submeter-se à vontade de outrem; 2. estar sob o comando de; 3. agir ou estar de acordo com. Mas, será esse o significado bíblico?

Ao estudarmos o Novo Testamento, perceberemos que não é esse o significado encontrado; ao contrário, obediência, para o Apóstolo Paulo, significa opor-se à observância, cumprimento ou prática das obras da lei. Nas cartas incontestavelmente paulinas, a palavra obediência, em latim, obedire, obedecer, vem de audire, ouvir.

Para Paulo o ato de obedecer é uma atitude da fé em Jesus Cristo. Sabemos que a fé vem da escuta e a escuta vem pela palavra do Messias. “Assim, ‘obedecer à boa-nova’ é o mesmo que acreditar na escuta”.

A ação de obedecer, conduz da escuta atenta à ação, que pode ser puramente passiva ou exterior ou, pelo contrário, provocar uma profunda atitude interna de resposta.

No caso de Jesus, e também o que Deus espera de nós, não é uma obediência de submissão, passiva, de medo, mas de alguém que se coloca diante do Pai como amigo e reconhece a importância de escutar Sua voz e praticar Seus ensinamentos.

Mas, como equacionar essa relação entre as realidades de Deus e as realidades do mundo?

Essa questão sempre incomodou os homens. Muitas vezes ficamos inquietos e preocupados diante dos acontecimentos cotidianos. Não percebemos o significado, nem o alcance de certos eventos, e não conseguimos saber para onde é que a história nos conduz. Sentimo-nos perdidos, assustados, à deriva, como barco sem rumo. Nessas horas, Deus parece manter-se em silêncio, assistindo aos dramas que marcam o ritmo da nossa caminhada.

Perguntamo-nos, então: porque é que Deus deixa que os homens destruam o planeta, inventem esquemas sofisticados de destruição e de morte, cultivem a exploração e a injustiça, mantenham tantos homens, mulheres e crianças amarrados à miséria e à escravidão? A resposta a essa questão passa pela compreensão de que: é preciso que nos voltemos para Deus para redescobrirmos a Sua centralidade na nossa existência. Deus não atenta contra a nossa identidade e a nossa liberdade.

No entanto, embriagados pelo turbilhão das liberdades e das novas descobertas, os homens consideraram que eram capazes de descobrir, por si próprios, os caminhos da vida e da felicidade e que podiam prescindir de Deus… Instalaram-se no orgulho e na auto suficiência e deixaram Deus de fora das suas vidas. “E porque não aprovaram reconhecer a Deus, Deus os entregou a uma maneira reprovada de viver… (c.f. Rm 1,28)”.

Talvez, as intervenções de Deus, nem sempre sejam ortodoxas à luz da lógica dos homens; talvez, nem sempre consigamos perceber o verdadeiro alcance dos projetos de Deus; mas Deus está lá, como Senhor da história, conduzindo o mundo de acordo com o projeto de vida que Ele tem para os homens e para o mundo.

Deus é o verdadeiro Senhor da história; é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que atuam e intervêm na história, são apenas os instrumentos de que Deus se serve para concretizar o seu projeto de salvação.

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