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Jundiaqui

 Pegou ou não pegou?
11 de julho de 2020

Pegou ou não pegou?

Por Vera Vaia

No quesito falta de credibilidade, Jair Bolsonaro está gabaritando em todas as declarações que tem dado sobre sua doença.

Desde que anunciou que testou positivo para Covid-19, na terça-feira, os usuários das redes sociais e alguns blogueiros estão levantando a hipótese de ser essa mais uma das suas aprontadas.

Motivos não faltam.

A parte da população que não acredita nele se questiona por que a Justiça teve de entrar em ação para que mostrasse os exames anteriores, feitos logo após a viagem aos Estados Unidos.

A desconfiança de que ele havia contraído o coronavírus, apesar do seu “histórico de atleta”, era grande, já que em 20/3, quase toda a comitiva presidencial testou positivo para o vírus (ao todo, 23 integrantes).

Mas aí ele veio a público e disse que não iria mostrar o resultado dos testes poha nenhuma  porque era de cunho particular, e que a gente não tinha nada a ver com isso.

Quando foi obrigado a mostrar, apresentou três testes negativos, sabe-se lá de quem, já que usou pseudônimos nos três.

Por quê? Porque, imagina-se, quis se manter incógnito, caso positivado. Ou seja, mentiu!

Mentiu nos nomes ou mentiu no resultado? Eis a “cuestão”.

Agora, passados três meses, vem ele fazendo o maior estardalhaço com esse novo exame que teria dado positivo pra Covid-19.

O que mudou neste tempo?

Como nada no caráter dele mudou desde que assumiu a Presidência da República, é bem provável que também não tenha mudado de opinião a respeito da doença que está dizimando seu povo. (Seu povo é modo de dizer porque, parece, o presidente está cagando e andando pra ele. Afinal “vai morrer gente, e daí?”, “eu não sou coveiro”, não são, definitivamente, frases que demonstrem preocupação ou consternação.)

Ele continua fazendo piada e negligenciando os números de mortos e de contaminados, tanto que nem se preocupou em nomear um ministro da Saúde.

Continua assinando decretos que vão no sentido contrário ao dos procedimentos recomendados pela OMS, como por exemplo, desobrigando o uso de máscaras, inclusive nos presídios.

Se eu fosse uma pessoa desconfiada, poderia achar que Jair Bolsonaro está querendo se livrar dos presos.

E ao sancionar o projeto que prevê proteção aos índios, vetou trechos que iriam “criar uma despesa obrigatória ao poder público”. Tais como o fornecimento de água potável aos povos indígenas, a distribuição gratuita de materiais de higiene, limpeza e desinfeção das aldeias, de leitos hospitalares e UTIs, de ventiladores e de máquinas de oxigenação, entre outras coisas. Só pra lembrar, estamos em plena pandemia e o número de indígenas contaminados já passou dos 12 mil. Mais de 450 já morreram.

Se eu fosse uma pessoa desconfiada, poderia achar que Jair Bolsonaro está querendo se livrar dos índios.

Na quarta-feira, o presidente gravou um vídeo em que aparece todo pimpão, falando da incrível melhora que teve em apenas três dias, devido ao uso da hidroxicloroquina.

Como se sabe, nenhum estudo conseguiu provar a eficácia desse remédio no combate à Covid-19, muito pelo contrário. Ele pode causar danos irreversíveis ao paciente, pelos efeitos colaterais associados.

Sabe-se também que o presidente, por conta própria, mandou o laboratório do Exército fabricar toneladas de comprimidos da tal cloroquina.

Daí fica a dúvida no ar. Se o remédio não cura e ele se diz bem melhor, alguma coisa não tá batendo.

Se eu fosse uma pessoa desconfiada, poderia achar que Jair Bolsonaro está querendo se livrar do estoque.

Ainda bem que eu não sou uma pessoa desconfiada!

Vera Vaia é jornalista

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