talvez
Por José Renato Forner
talvez o custo do outro verbo
seja mesmo o brilho de uma taurus
talvez um soco inglês seja um viagra em farelos
talvez o grito
um livro de quintana
talvez o taco de basebol
um esporte
talvez
talvez tradução de pobre é extermínio
e a faca vença a capoeira
e o vermelho motive o sangue
talvez não concorde com TUDO o que o cristo disse
e minha nossa senhora se encontre um pouco empoeirada
e meu pastor deva falar por mim
talvez a morte venha travestida
(mas meu canivete
alemão
tem poder de tatuagem)
talvez meu whisky é cowboy
é faroeste
é copo quebrado em cabeça de sem nada
é gelo derretendo diferença
e meu whisky faz continência pra um sonho americano
e meus pés que adoram coturnos
deixam pegadas na calçada da fama
talvez, quem levantou meu prédio foi paulista
luiz gonzaga não seja tão bom assim
a feijoada não tenha nada demais
e Mandela não foi preso político
talvez certos estão os muros
os sem sexo
os que não falam
os que se omitem
os que são pichados
talvez os muros estão certos
os que dividem
limitam
os muros
os que cercam cemitérios
e acumulam mortos sem culpa
talvez…