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 Teje Prenha!
24 de fevereiro de 2018

Teje Prenha!

Por Vera Vaia

Depois da gritaria geral que teve quando Gilmar Mendes mandou soltar Adriana Ancelmo, mãe de um filho menor de doze anos e de um baú de jóias preciosas, os juízes resolveram rever a lei que beneficia presas sem condenação, e começaram a distribuir habeas corpus a torto e a direito beneficiando, pelo menos, quatro mil e quinhentas detentas do país inteiro, o equivalente a 10% da população carcerária feminina.

Eles não entenderam, porém, que não foi o fato de outras mães estarem presas que provocou a chiadeira geral, mas sim o fato de Adriana Ancelmo estar solta.

Os Ministros da Segunda Turma, Lewandowiski, Celso de Mello e Gilmar Mendes, foram amplamente favoráveis à decisão, já Edson Fachin ponderou que os casos deveriam ser analisados individualmente.

Mas talvez para justificar o benefício concedido à ex-primeira dama carioca, e/ou porque ficaram “enternecidos” com a prisão de Jessica Monteiro, a jovem de 24 anos que portava 90 gramas de maconha e que quase pariu numa cela, eles escancararam a porteira.

Em discurso de extrema emoção, o ministro Lewandowski se horrorizou com um levantamento que mostra que SÓ 54% das prisões femininas têm dormitórios adequados para gestantes, que SÓ 32% têm berçários e que SÓ 5% dispõem de creches!

Que coisa, não, seu Lewandowski? Esses números quase se igualam à situação de mães honestas, trabalhadoras, que estão do lado de fora da cadeia! …Assim não dá!

Onde já se viu não ter “dormitório adequado” pra gestantes na prisão? E pensar que a maioria esmagadora das mulheres grávidas brasileiras mora em “palacetes”, equipados com “dormitórios adequados” ainda que sejam em áreas de risco, sem saneamento básico, sem assistência…

Como é possível que só 32% das cadeias femininas tenham berçário? E pensar que as mães, de fora da cadeia, estão satisfeitíssimas com o número de berçários oferecidos aos seus rebentos…!

E quanto a esse número irrisório de creches nas prisões? E pensar que as mães não presas, que trabalham fora, podem escolher a melhor creche para seu filho, bem perto da sua casa ou do seu trabalho, dada a abundância delas no país inteiro…!

É, seu Lewandowisk, o senhor tem razão! A realidade das mulheres brasileiras nas prisões é mesmo degradante!

E já comemorando o fato, grávidas soltas como a Jaqueline, investigada por tráfico de drogas, diz em entrevista: “graças a Deus vou ter meu filho em casa. É a melhor coisa que tem na vida”. (A segunda melhor, pra ela, deve ser o tráfico).

E com essas e mais outras, a população tem de ficar cada vez mais atenta aos perigos dessa vida. Até então, a gente tinha de se preocupar com os inimputáveis pivetes, mandados para a linha de frente do combate, por razões óbvias. Agora teremos de ficar atentos às grávidas e às mães de “dimenor”, que têm alvará do STF para cometerem seus crimes à vontade.

E dada a falta de bom senso generalizada por parte dos nossos homens da lei, dá até pra antever o que vai ter de gente se aproveitando da situação! Podem apostar que se um casal for detido após roubar 50 peças de picanha do supermercado, o que é comum, vamos ouvir o marido se defendendo diante do delegado: – Fui eu não, dotô! Foi minha mulé. Ela tava com desejo, sacumé? Eu só tava empurrando o carrinho!

Vera Vaia é jornalista

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