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Jundiaqui

16 de outubro de 2019

Traição e ingratidão

Por Kelly Galbieri

Às vezes achamos que traição é só aquela que envolve relacionamento amoroso. Que nada… esta, no fundo, até acho que não é uma “surpresa tão surpreendente”. Todos nós sabemos que não é o que esperamos, que queremos, mas que vez ou outra acontece. Penso que qualquer um de nós pode estar em um relacionamento sério, estável, feliz e um dia algo pode acontecer e mudar tudo, fazendo com que nos sintamos traídos, magoados. Esta traição é amplamente discutida e sempre temos aqueles que tomam partido de um ou de outro, aqueles que defendem o amor antigo, o novo amor, enfim…

Mas não é desta traição que quero falar e sim daquela inesperada, triste, aquela que recebemos de amigos, ou daqueles que acreditamos ser amigos. Aquela ingratidão que dói, que sentimos na alma.

Traição: esta palavra já traz um ar ruim. O que é traição? Quebra da fidelidade prometida, ainda que não dita. Para mim, poucas coisas são tão doloridas quanto uma traição. Vinda de um filho, de pais ou qualquer familiar, de amigos, tanto faz. Acho que termos alguém no coração, nas nossas programações, querermos estar junto, querermos ajudar e de repente recebermos de volta uma bela punhalada é ruim demais.

Claro que tudo o que fazemos não deve ser esperando algo em troca, afinal é isso o que aprendemos desde criança, não é? Mas não precisa ser ingratidão ao invés de um “obrigada” também, né?

Não adianta, eu não me acostumo com isso. Sei que já me aproximo dos cinquenta anos de idade e estas situações não deveriam causar sequer um olhar tristonho em minha vida, mas a dedicação que empenho em tudo o que faço me dá o direito de esperar que não me traiam.

Na verdade, tem também o outro lado da moeda que não podemos deixar de lembrar. Enquanto alguns tentam de toda forma puxar nosso tapete, desqualificar o nosso trabalho, dizer que fazem nosso papel, outros nos defendem e nos engrandecem em todos os locais, para todas as pessoas. E isso faz com que as nossas forças ainda aumentem para continuar a luta.

Certamente alguns amigos são tão tão tão importantes nestes momentos que nem fazem ideia, nos impulsionando a continuar. E aqueles cafés de horas que nos deixam falar e prestam uma atenção lascada, sem nos julgar, apenas entendendo porque também já passaram pela mesma situação faz com que não nos sintamos sós.

A única coisa que posso dizer é que não foi desta vez que desisti. Minha história de vida me dá bastante know how para lidar com estas situações.

Posso me abalar, mas não cair.

#tamujuntu amigos de verdade

Kelly Galbieri é advogada e responsável pela pela Assessoria de Políticas para Diversidade Sexual

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