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 Urbanidade
26 de maio de 2020

Urbanidade

Por Lucinha Andrade Gomes

As transformações sociais, culturais e políticas vivenciadas nas últimas décadas, extrapolam qualquer previsão de analistas científicos. Creio que na seara da ficção, alguns autores chegaram próximo ao mundo que vivenciamos na atualidade com olhar prospectivo teceram contextos que hoje são realidades.

Faço um recorte, neste imenso universo de transformações, e foco precipuamente a convivência humana, os valores que devem nortear o relacionamento entre homens e mulheres.

Temos ciência que houve um afrouxamento das regras na linguagem, no tratamento entre as pessoas. A expressão do uso dos pronomes de tratamento em relação à pessoas mais velhas, como Sr. ou Sra., deixaram de existir para boa parte da população jovem. Já as autoridades passaram a ser chamadas de você, enquanto que o doutor e a excelência ficam no âmbito de estrita formalidade. Este estado de informalidade atingiu outras cercanias, do privado ao público.

Sempre ouvi na minha família que devemos tratar as pessoas com respeito, que parte de dentro de casa para o mundo. Palavras consideradas de baixo calão, não eram utilizadas – se alguém o fazia em momentos de ira, logo desculpava-se. Ninguém é imune a responder por impulso!

Quando ingressei no serviço público, ao estudar o Estatuto do Funcionário Público Municipal, li que deveria tratar a todos com urbanidade e respeito. Assim, o fiz! Durante 38 anos, tratei com respeito meus pares, meus chefes, meus subordinados, alunos e pais. Confesso que há situações difíceis, em que é necessário esfriar a mente e tomar o banho de bom-senso e, quando errar, pedir desculpas e recomeçar. Assim é o trabalho em equipe.

Imbuída desta visão de serviço público, fiquei perplexa, atônita ao assistir ao vídeo de reunião do Planalto realizada aos 22 de abril passado. No início, pensei tratar-se de postagem fake, mas para a minha tristeza, ouvi a maior autoridade do país, O Excelentíssimo Senhor Presidente da República, desfilar uma lista de palavrões durante a reunião aos srs. Ministros da República.

Não vou ingressar no mérito dos temas postos, lembrem-se estou focada no tratamento desrespeitoso do Sr. Presidente aos Ministros; obviamente, poderia prosseguir em relação ao Ministro da Educação e outros, mas desnecessário ir adiante. Os fatos falam por si.

Espero que respeito e urbanidade voltem a imperar no planalto. Afinal, somos seres sociais e devemos exercer com respeito o diálogo e a mediação nos conflitos. Não podemos retroceder à selva desgovernada.

Lucinha Andrade Gomes é professora e advogada

 

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