A história do ônibus desgovernado que desceu a São Bento em 1958
Às 12 horas do dia 7 de janeiro de 1958, aconteceu um grave acidente em nossa cidade, notícia dada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e que trago aqui ampliada por conta da pesquisa de Vânia Feitosa, produtora cultural e idealizadora do projeto “Memórias Póstumas da Cidade”. Ela recuperou documentos de nossa Câmara Municipal, detalhando os acontecimentos…
Um ônibus da Auto Ônibus Jundiaí Ltda. estava sendo levado para a garagem situada à Rua Rangel Pestana, para reparo nos freios – era um Chevrolet 1954. O veículo descia a São Bento e, quando tentava entrar na Rangel, teve que fazer uma manobra brusca para não atropelar uma garotinha que atravessava a rua.
A partir daí, desceu sem controle e acabou colidindo com o prédio dos escritórios da Cia. Paulista, após bater e tirar do caminho um carro, segundo o correspondente do jornal. O impacto foi tão forte que a carroceria se separou do chassi, como mostra a foto acima.
O prédio ficava no final do descidão da rua São Bento, à frente um pouco da hoje avenida União dos Ferroviários. Bateu onde funcionava o “Hollerith” (como era chamada a área de Tecnologia da Informação à época), isso tudo depois de cruzar os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana – imagine a tragédia que poderia ter acontecido se um trem cruzasse seu caminho…
O ônibus derrubou uma parede dos escritórios e seu motorista, Joaquim Antunes, de 42 anos, foi levado ao São Vicente, mas não resistiu aos ferimentos e morreu ao dar entrada no hospital. Um único funcionário da Cia. Paulista, Avani Prado Ribeiro, se feriu.
Naquela época, a rua São Bento tinha um sentido diferente do atual – hoje sobe sentido Barão de Jundiaí, em 1958 descia.
Todos na cidade falavam à época do gesto heróico do motorista, que permaneceu ao volante cruzando as ruas Marechal Deodoro da Fonseca, Prudente de Moraes e XV de Novembro, buzinando, e assim evitando que o ônibus atropelasse algum pedestre.
Próximo ao local do acidente, ficava a portaria das Indústrias Andrade Latorre (fábrica de fósforos), e o acidente poderia ter causado mais vítimas por conta do horário de almoço.
Joaquim Antunes, que deixou esposa e quatro filhos, era morador da rua Francisco Pereira de Castro, no Anhangabaú. Foi homenageado e dá nome a uma das ruas de nossa cidade, no bairro Bela Vista.
Foto: Arquivo Cia. Paulista via acervo Professor Maurício Ferreira/Sebo Jundiaí