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Jundiaqui

 Mulheres guerreiras
7 de março de 2020

Mulheres guerreiras

Por Thaty Marcondes

Qual  mulher não é guerreira? É, foi ou será! Se nunca foi, talvez seja por ainda depender de outra guerreira ou seus objetivos não tenham ainda despertado em seu âmago; se é, jamais o deixará de ser.

Creio que já nascemos munidas de armadura especial, à prova de embates e combates; escudo protetor contra inimigos oportunistas esporádicos; espada reluzente, apropriada para decapitação dos inimigos ferrenhos. Fora isso, chegamos à maturidade com um acessório indispensável: maleta de primeiros e últimos socorros, contendo soro antiofídico (para as línguas de cobras venenosas que encontramos pela vida afora); amor materno em conserva – este, não tem prazo de validade: é eterno; vários potes de paixão e amor; pomadas de talentos; fantasia de camaleão – importante adereço que nos permite adaptarmo-nos aos diversos ambientes onde temos que sobreviver; ataduras e curativos para as feridas.

Algumas, mais modernas e precavidas, por serem mais bem treinadas, carregam uma maleta tipo “007”: dentro, diversas engenhocas com compartimentos secretos, utilidades escondidas, intenções camufladas.

Há, ainda, as sábias de nascimento: estas dispensam todos os acessórios, chamando-os de descartáveis. Sua sabedoria lhes ensinou que tudo passa e que nada acontece na vida por acaso. São impenetráveis, inatacáveis: nada lhes tira a serenidade!

A maioria é guerreira comum: como nossas ascendentes pré-históricas, pegamos a primeira pedra e com ela nos defendemos de tudo. É a chamada técnica “com armas e dentes” – se preciso, mordemos.

Numa linguagem menos metafórica, o exemplo do último Carnaval foi sensacional, quando a escola de samba do Rio de Janeiro, Unidos do Viradouro, ganhou o título de campeã do grupo especial, com o tema “Ganhadeiras de Itapuã”, contando toda sua trajetória, desde o tempo da (deplorável) escravidão. Essas guerreiras deram um jeito, trabalhando em mais de uma frente (eram escravizadas, relembrando), mas tinham atividades paralelas que lhes rendiam algum dinheiro que iam juntando até comprar sua liberdade. Um pequeno grupo sobrevive até hoje e mantém viva essa tradição e embora não precise mais comprar sua liberdade, compra sua independência financeira (até certo ponto, sejamos reais). Mas essas mulheres nunca pararam de lutar, sempre unidas, em grupos.

As acomodadas? Devem ser geneticamente defeituosas! Acredito que com tempo, apoio e treinamento adequado, possam se reabilitar. Exceção às inocentes apaixonadas que se colocam em segundo plano, vítimas de homens machistas, criminosos – atualmente o número de feminicídios é vergonhosamente alto: no Brasil, uma mulher é morta a cada duas horas. O feminismo nunca matou ninguém, o machismo mata todos os dias… Triste verdade.

Mas, via de regra, independente do tipo, lutamos até o fim. Depor armas? Jamais! Não nos damos por vencidas! Não abandonamos o campo de batalha! Nossa guerra? Contra as adversidades e as injustiças.

Unidas, somos terríveis: gritamos alto e publicamente contra o machismo imperante e as injustiças. Até hoje cobramos: quem mandou matar Marielle?

Thaty Marcondes é escritora

 

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