LOADING...

Jundiaqui

 Crônica da cozinha – Parabéns para você
3 de julho de 2020

Crônica da cozinha – Parabéns para você

Pelo chef Manuel Alves Filho

Meu pai, o velho Neco, é personagem constante de minhas crônicas gastronômicos. Ele foi meu principal mentor. Todavia, minha mãe, dona Glória, também manja muito dos paranauês da cozinha. Sempre dominou com bastante desenvoltura tanto o forno quanto o fogão. Durante toda a minha infância, ela é quem preparava todo o cardápio de minhas festas de aniversário, exceto o bolo, cuja produção era terceirizada. Doces, salgados e até a bebida, o ponche sem álcool, saíam da lavra de mamãe.

Aliás, como as festas de aniversário de outrora eram diferentes das de hoje, não? A começar pelo ambiente. Normalmente, eram realizadas na própria casa do aniversariante, tendo o quintal como espaço privilegiado. Hoje, muitas ocorrem em salões de bufês, que também fazem as vezes de parques de diversão. Ah, sim. Antigamente as decorações resumiam-se a chapéus cônicos, língua-de-sogra, balões de gás e painéis de papelão com o nome do homenageado.

Nos tempos de correm, paredes, tetos e pisos são coalhados de imagens de super-heróis e princesas, alguns dos quais jamais ouvi falar. Mas a principal mudança se deu mesmo foi na comida dos festins. Antes, tinha bolo branco com recheio de abacaxi e/ou doce de leite com ameixa e cobertura de glacê. Agora, rola naked cake e red velvet com frutas vermelhas ou impecáveis esculturas recobertas por massa americana.

No passado, tinha buraco quente, bolo salgado [aquele feito com pão de forma e coberto com maionese], batata em conserva e risoles. Presentemente, tem hambúrguer, cachorro-quente, batata frita e finger food de todas as ordens. Antes, serviam bala de coco que derretia na boca, brigadeiro e cajuzinho artesanais. Atualmente, oferecem muffim, cupecake e sobremesas no pote.

Não cairei na armadilha de dizer que antigamente tudo era melhor e que essas transformações nos nossos costumes constituem heresia. Mas uma coisa posso afirmar com absoluta tranquilidade e franqueza. As minhas festas de aniversário pareciam bem mais animadas e espontâneas. Vejam vocês, nem tinha caixa na porta de entrada para “fiscalizar” quem trazia e quem não trazia presentes.

Prev Post

Pra que mentir?

Next Post

JundiAqui faz raio-x: Jundiaí supera…

post-bars

Leave a Comment