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Jundiaqui

 Sopa sem nome
22 de abril de 2020

Sopa sem nome

Pelo chef Manuel Alves Filho

Este prato não tem nome, mas tem história. A receita sequer existe, a não ser na minha memória e na minha prática. É uma versão das incontáveis sopas, caldos e cremes que meu pai, o velho Neco, preparava. Para ele, como costumo contar por aqui, as refeições mais frugais precisavam ter também sustância. Incoerência? Não, especialmente para alguém que, como Neco, tinha parte com as divindades da culinária.

Algumas sopas da lavra de meu pai exigiam guarnição. Um dos acompanhamentos prediletos dele era a “pizza de pão”, como definia. Neco usava fatias de pão de forma como base para o que tinha disponível. Neste caso, eu fiz com cream cheese, gorgonzola, tomate, azeite e um toque de ervas de provence. Levei para gratinar no forno elétrico e servi com um creme de mandioquinha.

A experiência, como Neco bem sabia, é das mais prazerosas. O leve dulçor e cremosidade da sopa contrastam em harmonia com a impositividade e a crocância da “pizza”. Sublime!

Para ser provocativo, fiz um empratamento em referência, longínqua é verdade, à estética da sopa de cebola (soupe à l’oignon). Qual a relação entre a criação de Neco e o clássico prato francês? Ora, ambos nasceram do brilhantismo de quem soube transformar o simples em extraordinário.

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