LOADING...

Jundiaqui

 Marcela e sua história na história da festa
28 de janeiro de 2024

Marcela e sua história na história da festa

Por Marcela Moro – Cheguei em Jundiaí em 5 de fevereiro de 2001. Como profissional do turismo, claro, já tinha estudado muito a cidade. Jundiaí era a Terra da Uva, com uma festa bastante conhecida, mas que, àquela altura, eu nunca tinha participado. Fui então conhecer a tão famosa festa e, como já contei muitas vezes, para muitas pessoas, saí do parque um tanto quanto decepcionada. Entrei nos pavilhões e o que vi foi um pouco de tudo: venda de motos, sapatos, lingerie, pneu… uma exposição muito tímida de algumas caixas de uva. E um objetivo muito claro dos que circulavam ali: tinham vindo pelos shows.

Shows grandes, de grandes nomes. Mas e a Uva? Na Jundiaí Terra da Uva, a uva era só coadjuvante na Festa da Uva.

Para uma professora de organização de eventos, turismóloga, foi difícil entender aquele cenário. E mais ainda entender como uma cidade tão pujante em tantos segmentos, não valorizava um de seus maiores bens: sua uva, já que a Niagara Rosada nasceu em Jundiaí e foi por causa dela, em 1934, que essa história de festa havia começado.

Olhei para tudo aquilo e pensei: isso precisa mudar, precisa ser o cartão de visitas da cidade.
O turista e o visitante precisam conhecer, neste espaço, o que Jundiaí tem de melhor. E dali nasceu um desafio: criar uma nova Festa da Uva para Jundiaí.

Foram muitos anos levando este assunto ao Conselho Municipal de Turismo. Foram muitos anos conversando com um, com outro, com mais outro, para dizer o que deveria ser óbvio: a Festa da Uva precisa ser ‘da Uva’, pois como eu disse muitas vezes, para uma festa do peão, naquele formato, só faltavam os bois e os cavalos.

Os anos foram passando e a festa, infelizmente, indo ladeira abaixo. Cada vez com menos público e cada vez com mais problemas. A festa de 2011 foi o ápice. Foram tantas reclamações que resolveram ouvir a menina que tinha uma nova proposta… na primeira apresentação, foi clara a expressão de espanto da maioria: como poderia dar certo, uma festa sem grandes shows? Por que as pessoas iriam? Do ‘você é maluca’ ao ‘certeza que vai ser um fiasco’, ouvi um pouco de tudo.

Apresentei um novo conceito: uma festa em que o grande show seria a cultura de Jundiaí. Uma festa que reuniria as comunidades e bairros da cidade. Uma festa que traria, em essência, o que Jundiaí tinha de melhor: a Uva Niagara Rosada e sua história, o vinho e suas memórias, a cultura, os shows e os artistas da cidade, a gastronomia local, o artesanato local e, claro, o turismo local.

Como isso poderia dar certo? Deu! Claro que deu! De uma festa com shows grandes e de nomes famosos, que recebeu, em 2011, última festa no formato anterior, 32 mil pessoas, a Festa de 2013 já bateu recordes: foram 77 mil pessoas. E, em 2023, 10 anos depois, chegamos a 242 mil visitantes, de todos os estados do Brasil – sim, grupos de todos os estados e Distrito Federal, 495 cidades diferentes e estrangeiros de 24 países. Números recordes para uma festa que agora é a cara de Jundiaí.

Organizar eventos turísticos – turísticos de fato, não é coisa para amadores. É necessário conhecimento técnico de eventos, mas, além disso, há a necessidade de se entender qual é a expectativa deste visitante. E há de se entender também que, quando a pessoa procura um show, ela tem opções com excelente estrutura, muito mais próximas de casa. Não é preciso vir até a Festa da Uva.

A Festa da Uva, por sua vez, tem que trazer a tradição, tem que dar o brilho que a fruta merece. E como nossa uva merece. Tem que envolver as pessoas, tem que dar espaço para nossos artistas, tem que permitir experimentarem nossa gastronomia e tem que celebrar o nosso vinho, que conta a história e as memórias das nossas famílias. E a Festa da Uva hoje é isso: o maior evento de uva de São Paulo, maior festa de frutas do estado e segunda maior do país. Uma festa de superlativos.

É uma festa que impacta positivamente e diretamente mais de 50 entidades assistenciais, envolve mais de 20 bairros da cidade, vende mais de 120 toneladas de uva e tem posicionado nossa Terra Querida Jundiaí como um dos principais destinos de turismo rural de nosso país.

Empregos, renda, impacto econômico positivo, hotéis cheios, grupos de turistas por toda a cidade. Em 2024, comemoramos seus 90 anos. Linda, alegre, pujante, com todas as cores, aromas, sabores, histórias e memórias que precisa ter. Um projeto que tenho orgulho de tratar como uma terceira filha. Isabella, Heloísa e a Festa da Uva de Jundiaí. Minhas três meninas que eu tanto amo!

Marcela Moro é turismóloga, mestre em Comunicação e diretora de Turismo de Jundiaí

Prev Post

Uva e Jundiaí: uma alegre…

Next Post

“Mondo Foto” é a Tebas…

post-bars

Leave a Comment