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Jundiaqui

 CONSCIÊNCIA NEGRA – Segredos de 104 anos de Orlando Botelho
20 de novembro de 2020

CONSCIÊNCIA NEGRA – Segredos de 104 anos de Orlando Botelho

Morador do Jardim Pacaembu vai estar dormindo, mas sabe que a noite terá homenagem do neto Mil Taroba em show

Edu Cerioni

Prazer nas pequenas coisas e certeza de que o negro nasceu para fazer grandes coisas sempre norteou o caminho de seu Orlando Botelho. Ele que criou a família na base da paz e do amor, claro que com muito suor, ensinou gerações a enfrentarem barreiras com ombro erguido, coração aberto e pensamento positivo. Acrescente um sorriso nessa receita e tudo fica melhor!

Em 16 de setembro, completou 104 anos sem a tradicional e concorrida festa que se repete há mais de uma década às vésperas da Primavera, mas não reclamou de nada. Recebeu o carinho da filha Maria Iolanda e do genro Mário, com quem mora no Jardim Pacaembu, e telefonemas de muitos mais, embora a audição já não ajude tanto. Até acha melhor para não ouvir tantas bobagens dos dias bicudos atuais. Mas vê com certa clareza, anda direitinho e, o melhor de tudo, tem muita disposição para brindar com uma taça de vinho (gostava mesmo de uma boa cachaça, só que ela se tornou um tanto “marvada” com o passar do tempo).

Ele que veio ao mundo nos anos seguintes ao surto de gripe espanhola e que sobreviveu a chuvas e tempestades, com duas guerras mundiais, trocas de governos e moedas, crises e também folias, afinal ninguém é de ferro, nunca deixou de acreditar que “vai dar tudo certo, nem que seja na marra”. Essa era e é sua lição, que o jundiaiense por adoção espera deixar como ensinamento aos mais novos.

Neste Dia da Consciência Negra 2020, este que talvez detenha o título de o preto mais idoso de Jundiaí, será homenageado com a canção “Azul da Cor do Mar”, cantada pelo neto Mil Taroba, em show à noite.

Orlando Botelho nasceu longe do mar, é caipira do Interior. Foi em 1916, em Monte Azul Paulista, onde trabalhou na lavoura até ir para São Paulo. Ficou pouco ali. De volta para sua terra natal, encontrou em Natália o grande amor. Se casaram e vieram para Jundiaí, que via como opção de trem nos tempos de vacas magras na Capital. Sabia que era um meio termo entre a cidade acanhada de nascimento e a metrópole que lhe assustou. Foi paixão à primeira vista e eterna.

Se instalou em uma fazenda no Jundiaí-Mirim, plantou, cuidou de granja e depois ajudou a construir literalmente essa cidade, pedreiro dos bons que foi. Também construiu uma grande família: além de Maria Iolanda, era pai do saudoso músico Antonio Carlos, o Piu, de de Mário Roberto. Netos, entre eles Mil Taroba, são oito, com 13 bisnetos e, acreditem, duas tataranetas –  Elis 3 anos e Milena 1 ano.

Nunca foi de praticar exercício físico, regrado na alimentação ou no sono. Gosta de calor. O plano para a sexta-feira 20 de novembro, que é de feriado em Jundiaí, é o de degustar uns bons torresminhos fritos e tirar aquele cochilo.

SHOW NA CACHAÇARIA

Começa às 20 horas, com a Mil Song’s, banda que Mil Taroba comanda. O cantor e professor de canto, dono da AS – Academia do Som, no Centro, promete muito balanço com o melhor da black music na Cachaçaria Água Doce, na avenida 9 de Julho.

 

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