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Jundiaqui

 Isolamento, nostalgia e memória afetiva
23 de junho de 2020

Isolamento, nostalgia e memória afetiva

Por Cláudia Maria Petroni Müller

Sei, como jornalista, que grande parte dos jundiaienses gosta de ler conteúdos voltados à história da área central cidade, de seus bairros mais próximos e de suas figuras típicas. Sejam eles leitores mais velhos, jovens em busca da identidade local ou aqueles simplesmente movidos pela curiosidade de tempos passados. E foi em meio à pandemia que vivemos, e que nos obriga a buscar alternativas para não enlouquecer de vez dentro de casa, que tive a ideia de escrever esse texto.

Seguindo a regra de ocupar o tempo que até então não dispunha para tentar reorganizar o espaço onde moro, topei, no fundo de uma gaveta, com um álbum de formatura da então “Escola Técnica de Comércio Professor Luiz Rosa”, localizada à rua do Rosário, no antigo imóvel do Centro ainda hoje em atividade.  Uma das formandas do curso Técnico de Contabilidade era minha mãe, Egle Petroni, já falecida, sobrinha da carismática “dona Nella” e uma das filhas do casal Felisberto e Isaura, administradores do hotel que levava o nome da família.

Localizado na rua Barão de Jundiaí, o antigo Hotel Petroni foi fundado no final do século 19 por Luigi Petroni, natural de Lucca, região da Toscana. Hoje o local abriga o prédio da Drogasil, entre as Casas Pernambucanas e a Galeria Bocchino.  O que me chama atenção no álbum de 1948, além de sua antiga dona, é claro, são os demais formandos que contribuíram para que a cidade, como um todo, seja hoje destaque no cenário nacional pela qualidade de vida e pelo cultivo da Uva Niágara, entre outras características.

Constam do álbum nomes como o do ex-prefeito Pedro Fávaro, do advogado Muzaiel Feres Muzaiel, do comerciante Djalma Gomes de Almeida, proprietário da conhecida casa de Calçados Iara, no Largo da Santa Cruz, e Aloísio Merluzzi. As fotos mostram, dentre as mulheres, legítimas representantes das famílias tradicionais, como Nilse Carletti e Tereza de Castro Siqueira.

Do total de 12 graduandos que constam do álbum havia mais delas: Hebe Fregolente, Ernestina Jeny e Zenaide Klovrza. Na foto oficial elas vestiam brancos longos com muitos babados sobrepostos, uma tendência para aquele momento específico. Os modelos coincidiam com uma época considerada uma das mais lindas e sensuais do século 20, com o cinema hollywoodiano mostrando beldades como Rita Hayworth, Ingrid Bergman, Ava Gardner e Marilyn Monroe.

O álbum de formatura traz ainda figuras históricas do Centro de Jundiaí, tendo como paraninfo nada mais nada menos que o professor Nelson Foot, filólogo, historiador, articulista e poeta de Jundiaí, que dá nome à nossa biblioteca pública. Professores como o saudoso Luiz Rosa, Clotilde Copelli de Miranda, Sebastião Augusto de Miranda, Joaquim Candelário de Freitas e Angelo Pernambuco, além do inspetor federal à época, Romeu Marchi, também povoam as páginas do álbum.

Lá se vão 72 anos e, voltando a 2020, vemos especialistas discutindo como o isolamento social que somos obrigados a cumprir, pelo menos os mais conscientes, aumentou a nostalgia nas redes sociais. Ao lembrar da lírica década de 40 na então gentil e pacata Jundiaí estou, portanto, exercendo a minha!

Cláudia Maria Petroni Müller é jornalista

 

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