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Jundiaqui

 “O que a maioria quer é retornar à situação anterior, e o mais breve possível”
24 de junho de 2020

“O que a maioria quer é retornar à situação anterior, e o mais breve possível”

Max Gehringer fala sobre o home office e outros efeitos da pandemia do coronavírus nas relações de trabalho

Eleito como um dos 10 Top Voices Influencers de 2019 do LinkedIn Brasil e com vasta carreira como executivo de grandes empresas, como Pepsi e Elma Chips, o jundiaiense Max Gehringer, que escreve e dá palestra sobre carreiras e gestão empresarial, fala sobre a disrupção trazida pela pandemia às empresas. Ele foi convidado pelo site “SpaceMoney” a refletir sobre o futuro do mercado de trabalho. Veja o que ele diz nesta entrevista à repórter Caroline Unzelte:

Qual é a importância da convivência física para o desenvolvimento de carreiras? Essa importância se alterou com as experiências de home office vividas em meio à pandemia?

A importância é enorme, essencial e vital. Humanos são gregários, tanto na vida social quanto no ambiente profissional. O trabalho remoto durante a pandemia veio de uma necessidade com vida útil determinada. Pode ser que pessoas que nunca trabalharam em casa estejam gostando da experiência e pensando em transformá-la em rotina no futuro, mas estou convencido que elas constituem a minoria. O que a maioria quer é retornar à situação anterior, e o mais breve possível.

Como gestores e lideranças devem atuar nesse momento para aliar produtividade e bem-estar? E como todos podemos adaptar nossos planos de carreira para o novo panorama?

Minha opinião é que, após a pandemia, não haverá um novo panorama. Empresas voltarão a funcionar como antes do isolamento compulsório. Porém, é possível e até provável que empresas tenham que fazer cortes em seus orçamentos, porque ficaram três meses ou mais com faturamento abaixo do normal e isso causa rombos no caixa. E isso será mais grave nas pequenas e médias empresas, que empregam 80% da força de trabalho. Espero que não aconteça com ninguém que está lendo, mas demissões terão que ocorrer para que as finanças das empresas possam voltar a se estabilizar.

Citou possíveis cortes nos orçamentos… Mudanças no local e sistemas de trabalhos, com o objetivo de redução de custos, podem acontecer também? E como podem afetar o dia-a-dia de trabalho de quem fica empregado?

As mudanças que irão acontecer são aquelas que não irão depender de investimentos. Por exemplo, uma empresa de âmbito nacional com escritórios em várias cidades poderá desativar alguns deles. Isso aumentará a carga de trabalho na matriz, que poderá vir a contratar novos funcionários para arcar com as tarefas que estavam descentralizadas.

O momento atual pode impulsionar a já crescente “pejotização” e empreendedorismo digital? Quais são as dicas para quem deseja sair da condição de funcionário para empreender?

A dica que eu dou, mesmo para quem nunca pensou em ser autônomo, é fazer um curso, o Empretec do Sebrae. Há muitos aspectos técnicos, contábeis e financeiros que os empregados ignoram porque há setores da empresa que cuidam desses detalhes. Mas quem vai trabalhar por conta precisará ser multitarefa e por isso deve saber de antemão quais são os fatores que podem causar a falência do empreendimento. O Empretec ensina exatamente isso.

Projeções mostram que metade da população brasileira pode ficar fora do mercado de trabalho no pós-pandemia. Quais são as orientações para recolocação? Ou que horizontes se desenham para a geração de renda nesse panorama?

Antes da pandemia, nós vínhamos passando por uma crise econômica já há quatro anos. Em números redondos, no começo deste ano tínhamos 12 milhões de desempregados, 80 milhões de empregados, 15 milhões de autônomos ou microempresários, 15 milhões de servidores públicos e algo como 40 milhões de brasileiros em idade de trabalhar que não estavam procurando emprego. Parte porque não precisava, e parte porque tinha alguma atividade não regularizada. O restante são aposentados ou jovens menores de 16 anos. Isso significa 110 milhões trabalhando e outros tantos não, portanto metade da população brasileira já estava fora do mercado formal de trabalho. Para aqueles que estão empregados e ficarão sem emprego, há duas dicas. Primeira, estreitar o relacionamento através de redes profissionais como o LinkedIn. As vagas serão poucas e serão preenchidas principalmente através de indicações de quem já está na empresa. Segunda, não ser exigente demais ao procurar emprego. É melhor aceitar uma vaga em uma empresa que pode vir a oferecer uma melhor condição futura do que ficar sem emprego por um período prolongado.

Ouça a entrevista na íntegra

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