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 Liderança para comunicar, colaborar, cocriar, engajar e inspirar
12 de maio de 2020

Liderança para comunicar, colaborar, cocriar, engajar e inspirar

Por José Arnaldo de Oliveira

Em tempos de crise, muitas vezes vemos como as pessoas realmente aparecem – através do que elas dizem e fazem, claro, e das perguntas que fazem enquanto enfrentamos um dos momentos mais delicados em termos globais de nosso tempo. Sim, o novo coronavírus é uma preliminar dos eventos climáticos.

As histórias que contamos sobre nós mesmos, nossas organizações e nossa humanidade importam. E podem moldar como pensaremos, o que faremos e nosso impacto. Mais do que nunca, o mundo precisa de líderes que sejam comunicadores qualificados e que possam trabalhar com outros para uma influência positiva. Porque o mundo de hoje é complexo e os problemas que enfrentamos são perversos.

São palavras de Zoe Arden, da Universidade de Cambridge, onde coordena cursos sobre liderança para a sustentabilidade no CISL.

Precisamos, ela continua, que indivíduos autoconscientes apareçam em todos os níveis de organizações e em toda a sociedade, que possam quebrar o molde: comunicar, colaborar, cocriar, engajar e inspirar. O modelo antigo de alguns líderes heróis está ultrapassado.

Há líderes mundiais que são claros e empáticos, que dizem a verdade, se conectam com seus cidadãos como adultos. Outros respondem com desinformação do lugar de ego e arrogância.

A especialista em sistemas e histórias Ella Saltmarshe diz em artigo recente que somos todos contadores. “Sem consciência, podemos perpetuar narrativas que geram divisão, medo e desesperança. Este é um momento de mudança épica. As palavras que usarmos e as histórias que contarmos terão um enorme poder na determinação da direção da mudança”.

O mitólogo Martin Shaw, por outro lado, escreveu estar “esquecendo os negócios como de costume. Nenhuma grande história começa assim”. Se está certo, quais são as novas histórias que as organizações comprometidas em entregar mudanças transformadoras precisam contar ao mundo pós-pandemia?

No podcast ‘The Great Humbling’, o especialista em comunicações Ed Gillespie sugere que as histórias certas devem ser uma ponte, não uma muleta “de volta ao normal”. E Alex Evans em seu livro ‘The Myth Gap’ sugere que precisamos de uma versão diferente da boa vida que não se baseie no crescimento econômico a qualquer custo, mas que considere o que valorizamos – e agora, depois do que alguns estão denominando de “a grande pausa”, como incorporaremos isso na ‘reinicialização’ econômica será fundamental.

O que se ouve é que precisamos de líderes que ouçam primeiro, mostrem humildade e usem a comunicação para influenciar e acelerar as mudanças sociais e ambientais. Uma plataforma nesse campo da própria CISL é ‘O Futuro que Queremos’, que estimulará uma conversa global entre líderes de empresas, governo, sociedade civil e academia sobre nosso futuro coletivo.

São as chamadas “soft skills” de liderança de comunicações e influências, que buscam perguntas sobre como romper o impasse e ter conversas que conduzirão mudanças significativas ou como trabalhamos com sucesso com outros para criar respostas inovadoras em um nível de sistemas. A comunicação é central devido ao poder da linguagem para moldar o mundo em que vivemos.

Em relatório interno preparado para a Escola de Artes e Humanidades (Cambridge) sobre as múltiplas contribuições das artes e humanidades para a liderança atual e futura, Louise Drake argumenta que precisamos ter nossos olhos abertos para como a linguagem influencia nossas percepções sobre quem ou o que importa, como a experiência conta, o que é ser humano e como nos relacionamos com o resto do mundo.

Os líderes sensíveis a esse poder e capazes de aproveitá-lo para um impacto positivo, provavelmente serão muito mais eficazes no enfrentamento de injustiças sociais e ambientais entrincheiradas atualmente.

EMPRESAS AINDA SÃO CENTRAIS – COM MUDANÇAS

Dentro desse contexto, uma pesquisa do Edelman Trust Barometer em 12 países no mês de março, que formam os mercados mais importantes do mundo, mostra o tamanho da expectativa.

As empresas devem tomar iniciativas sem esperar os governos para 76%, proteger empregos e suas comunidades para 78% e informar diariamente para 63%.

Mais importante é que 73% dos consumidores podem boicotar uma marca irresponsável, 92% dos empregados esperam clareza e 86% dos investidores podem aceitar retorno menor se houver sustentabilidade. E o papel das empresas é ainda maior porque 54% acham que oferecem mais acesso às pessoas ou 53% que podem ajudar a resolver questões sociais.

Mas não se esqueçamos também que o capitalismo está sob fogo. Para 74% provoca injustiça, 66% perda de confiança e 48% o sentimento de que “falhou comigo”.

O mundo, entretanto, ainda não acabou. Durante webinar do CISL os convidados Anna Langley, da Dentsu Aeges, e Mark McGrimm, da Edelman, mostraram que a mudança digital levou os pontos de apoio da comunicação no marketing da década passada para o consumidor mais empoderado pelas mídias sociais e pesquisas virtuais.

As marcas se tornaram parte da comunidade – e uma outra postura é exigida delas. A liderança passou a pedir propósito, empatia e compaixão.

O foco privado, no momento, deve estar mais em soluções do que apenas em vendas. E isso afeta mais cooperação do que competição – com governos ou com as demais empresas e cadeias produtivas. Sem perder o negócio de vista, mas não apenas marketing. Ao apoiar notícias confiáveis, por exemplo.

Como os falsos profetas, também os falsos especialistas devem proliferar nas crises fortes nestes tempos. O cenário sanitário e climático pede líderes lúcidos desde as pequenas comunidades até as grandes empresas e centros de decisão.

Meu resumo é que a economia nasce dos recursos naturais, que precisam ser sustentados, e se destina à sociedade, que precisa alcançar o bem estar. Nesse trabalho surgem os valores para enfrentarmos as questões sociais, ambientais e econômicas com as inovações necessárias como agora.

As lideranças precisam renovar a si mesmas para a nova etapa.

José Arnaldo de Oliveira é jornalista e sociólogo

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