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Jundiaqui

 No adeus a Geralda Yarid, resgatamos uma história dela deixada por Picôco
12 de maio de 2020

No adeus a Geralda Yarid, resgatamos uma história dela deixada por Picôco

Aos 77 anos, faleceu a dona de loja de tapetes no Centro e que foi sinônimo de festas em Jundiaí

Anos atrás, quando colunista do JundiAqui, o saudoso Picôco Barbaro escreveu uma história curiosa que viveu ao lado de Geralda Yarik. A comerciante de 77 anos morreu nesta segunda-feira (11) e republicamos o texto para homenageá-la.

“Dias atrás Gustavo Maia escreveu um artigo saborosíssimo comentando aquele horror que é o concurso de cantores no ‘Domingão do Faustão’…uma coisa que ele atentou e que a gente pode ver e ouvir também no ‘The Voice Brasil’ é a gritaria. João Gilberto não adiantou pra nada? Com o recurso do microfone não dá pra cantar sem todo aquele desfiar de agudos em contraste com graves. Não dá pra cantar com nuances e, não, com exageros vocais que até encobrem as letras? E aquele joga daqui e dali o microfone? Malabarismo. Perdoem o que possa ser chulo: não dá a sensação de que a qualquer momento vão enfiar o microfone no rabo?

Houve um tempo áureo de Festivais da Record. Também os do Rio onde A Sabiá foi vaiada até não poder mais. No entanto, àquela altura, os autores Tom Jobim e Chico Buarque já estavam consagrados mundialmente. Mas, no início dos festivais em São Paulo revelou-se Ellis Regina, Nana Caymmi, Gal Costa, Rita Lee e os Mutantes, Chico, Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Nelson Mota e até Nara Leão foi apresentada ao público paulista. As vaias eram fantásticas: Hebe Camargo, Maysa, Sérgio Ricardo quebrou até um violão na plateia. Caetano chamou todo mundo de reacionário e gritou: ‘Viva Cacilda Becker!’

Aqui no Clube Jundiaiense também houve festival: de 1966 até 1972. Estes organizados por Geralda Yarid e por mim. Estiveram por aqui Caetano trazido pela saudosa Irede Cardoso; Maurici Moura que andava morando no Bar Etc do saudoso Mellinho e Vagner Moraes; Rogério Duprat trazido pelos saudosos Dulce e Victor Simonsen que mantinham a fazenda recreio Campo Verde, hospedagem de celebridades como Billy Vaughn. Entre as atrações Ellis Regina e Jorge Bem Jor ao tempo em que era Jorge Bem.

Em 72, o último com Geralda e comigo, o júri popular contou com Clodovil por convite da saudosa Rosinha Scavoni e meu que havia estado com ele quando se hospedava na fazenda Santa Rosa em Itatiba (à véspera do festival ele esteve aqui na cidade e me encontrou numa festa em casa de Geraldo Calasans e causou aquele fuzuê com seus trajes extravagantes), os jogadores Marinho Peres e Leivinha trazido pelo Candinho, Giba Um que Théo Conceição foi buscar, além de outros já citados acima.

Representando Jundiaí, Erazê Martinho que já havia participado das eliminatórias com júri aqui da terrinha. O ponto alto: bate boca em público entre Erazê e Clodovil. Este havia dado zero pra música que reunia a fina flor do Jundiaiense com uns vinte cantores no palco: aplaudidíssima pela patota. Erazê que havia dado dez, chiou. Clô num deboche total levantou-se da cadeira e falou pra moçada do palco: ‘É dez que vocês querem? Tudo bem! E levantou a placa com a nota máxima’.

Uma curiosidade extrema: num dos festivais Johnny Alf mandou uma música que, pasmem, não foi classificada nem para a final. O Rapaz de bem não pagou nem placê.

Nota da Redação: Picôco Barbaro faleceu em 2017 e a foto acima foi publicada em seu livro “Viva a Vida”, pela In House. A legenda diz: “Nos Festivais de Música do Clube Jundiaiense, Geralda e eu, organizadores, éramos acusados de favorecer a moçada do Clube. Na verdade, o critério era o tradicional e a irreverência entrelaçados: tudo junto e misturado. Na foto, um momento Dzi Croquet que era o espetáculo teatromusical que transgrediu as concepções formais na arte de representar e dançar.

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