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Jundiaqui

 O último apito da Bragantina
4 de julho de 2019

O último apito da Bragantina

Por Vilvaldo José Breternitz

Campo Limpo Paulista pertencia a Jundiaí. De Campo Limpo partia a Estrada de Ferro Bragantina (EFB), que chegava até a cidade de Bragança Paulista.

Em fins da década de 1860, fazendeiros de Bragança lançaram a ideia de construir uma estrada de ferro que, ligando-se aos trilhos da Santos a Jundiaí, permitisse enviar rapidamente sua safra de café ao porto de Santos, substituindo as tropas de burros que eram utilizadas nesse transporte – eram semanas de viagem de Bragança até o litoral.

Os trabalhos de implantação da ferrovia foram iniciados em fins de 1878 e se arrastaram por quase 6 anos, incluído aí um tempo de quase dois anos em que as obras ficaram completamente paralisadas, pois a companhia que estava construindo a ferrovia quase faliu.

Foram superados obstáculos imensos à época, pois não havia maquinário disponível e tudo tinha de ser feito com pás e picaretas. Finalmente, em 4 de maio de 1884 inaugurou-se o primeiro trecho, de Campo Limpo até Atibaia, e em 15 de agosto do mesmo ano até Bragança, numa extensão de 52 km.

Inicialmente a ferrovia utilizou 5 locomotivas a vapor Kitson de fabricação inglesa, que foram batizadas em homenagem a autoridades da época: Conde de Três Rios, Dr. Luiz Leme, Dr. Lins de Vasconcellos e Barão de Jundiahy; a quinta chamou-se Bragança.  A ferrovia ainda tinha 8 carros de passageiros e 55 vagões de carga de diversos tipos, inclusive para transporte de animais.

Mais tarde, a EFB adquiriu duas automotrizes diesel de procedência inglesa, da marca Walker, que entraram em serviço em 01/09/1938.

Elas passaram a ser denominadas, após a passagem da EFB para o governo estadual, “O Bandeirante” e “IV Centenário”. Essas máquinas faziam o transporte de passageiros na região de Atibaia e Bragança.

A Bragantina mudou de dono várias vezes – em 1895 Luís de Oliveira Lins de Vasconcelos lidera um grupo que adquire as ações da EFB, tornando-se dono da companhia, que em 1903 foi vendida à São Paulo Railway, que era a dona da linha Santos a Jundiaí.

Em 1946 a SPR passou para o controle do governo federal, e a Bragantina para o estadual. Apesar de alguns investimentos do governo, a  EFB continuava ‘famosa’ pelos seus equipamentos obsoletos, velocidade baixa e pouca confiabilidade em termos de horários – após ser estatizada, tornou-se rapidamente um cabide de empregos.

A situação da empresa começara a agravar-se com a crise de 1929, que levou à extinção da cultura do café na região, deixando de haver necessidade do trem para seu transporte.

Nos anos 1960, o asfaltamento das rodovias que ligavam as cidades da região, a construção da rodovia Fernão Dias, que corria praticamente paralela aos seus trilhos e o fato de transportar apenas cerca de 70 toneladas de carga ao dia selaram sua sorte: em 21-06-1967, após anos de prejuízos (em 1966 mais de 1,2 milhões de cruzeiros novos), às 16:50, o último trem  partiu de Campo Limpo com destino a Bragança Paulista, tracionado pela locomotiva diesel  nº 8, que pertencera à Cia. Mogiana.

Foi nesse dia que se ouviu o último apito e a EFB morreu…

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