LOADING...

Jundiaqui

 “A pandemia e Jack o Estripador”, por Luiz Haroldo
30 de abril de 2020

“A pandemia e Jack o Estripador”, por Luiz Haroldo

O serial killer famoso seria um príncipe que morreu por conta da gripe?

Luiz Haroldo Gomes de Soutello

A pandemia de gripe de 1889-1892, a respeito da qual pouco se fala, matou um milhão de pessoas. É, um milhão, em número redondo estimado. Para quem entende dessas coisas, acredita-se que foi causada pelo vírus H3N8 ou pelo vírus H2N2.

A mais famosa vítima dessa pandemia de gripe foi o Príncipe Albert Victor Christian Edward, Duque de Clarence (1864-1892), conhecido como Eddy, neto da Rainha Victória e filho mais velho do Príncipe de Gales (o futuro Eduardo VII).

O Príncipe Eddy era, portanto, o segundo na linha de sucessão à Coroa do Império Britânico, e teria sido rei se não tivesse morrido de gripe.

A morte prematura do Príncipe Eddy, aos vinte e oito anos, logo deu margem a uma teoria de conspiração segundo a qual ele teria sido assassinado por envenenamento, por ser um herdeiro inconveniente. Especula-se que teria sido amante de duas atrizes de teatro pornô, mas não existem provas concretas disso.

E não parou por aí. Um príncipe que morreu solteiro e sem herdeiros que possam processar alguém por difamação é um prato cheio para subliteratura sensacionalista.

Em 1962 começaram a dizer que o Príncipe Eddy era ninguém menos que o serial killer conhecido como Jack o Estripador, cuja identidade nunca foi descoberta. Essa acusação foi facilmente desmentida, porque na ocasião dos crimes do Estripador o Príncipe Eddy estava na Escócia, no Castelo Balmoral, a oitocentos quilômetros de distância de Londres.

Mas a subliteratura sensacionalista não abandona facilmente uma presa. Apenas mudaram um pouco a ficção para dizer que o Estripador seria o médico Sir William Gull, agindo em uma conspiração maçônica para ocultar o casamento secreto do Príncipe Eddy com uma prostituta de Whitechapel com a qual teria tido um filho que poderia reivindicar a Coroa. Delírio puro, é claro, para não dizer baba, mas que rendeu pelo menos duas adaptações para cinema, uma em 1988 (“Jack the Ripper”), estrelada por Michael Caine, e outra em 2001 (“From hell”), estrelada por Johnny Depp.

O Príncipe Eddy morreu solteiro, mas era noivo da formosa Princesa Maria de Teck, que acabou casando com o irmão dele, George V, pai de George VI e avô da atual Rainha Elisabeth II.

Outro neto, ou melhor, bisneto da Rainha Victória que também morreu com os mesmos vinte e oito anos, e também solteiro, foi Alastair Arthur, Duque de Connaught. Este morreu de hipotermia, em circunstâncias mal esclarecidas, mas não rendeu tanta fofoca, porque era apenas o décimo segundo na linha de sucessão.

O Luluzão que vos fala cometeu um livrinho intitulado “Por perto dos tronos”, que relata tudo o que se sabe a respeito da morte misteriosa de Alastair de Connaught e especula o que poderia ter acontecido com ele. O livrinho segue uma receita já explorada pelo autor, misturando história documentada com ficção e com humor. Como garantia de que não é subliteratura sensacionalista, mereceu um prefácio do ilustre Dr. Pedro Cavini Ferreira, um dos fundadores da Academia Jundiaiense de Letras. Vai para a gráfica quando terminar a quarentena. Vocês vão gostar do Alastair, especialmente as leitoras, porque ao contrário do primo Eddy, que tinha cara de tonto, Alastair era um pedaço de bom caminho…

 

Prev Post

Jundiaí programa aulas a partir…

Next Post

33 vivas ao Natura neste…

post-bars

Leave a Comment