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Jundiaqui

 Crime passional ou suicídio?
13 de setembro de 2017

Crime passional ou suicídio?

Vivaldo José Breternitz relembra caso famoso dos anos 40

Do blog Jundiahy Antiga

Em 4 de agosto de 1946, Moacir Bandeira de Melo morreu vítima de um tiro na cabeça, conforme contou o “Jornal de Notícias” de 21 de novembro daquele ano. O fato ocorreu na residência de familiares da vítima, à rua Barão do Bananal, em São Paulo.

A arma do crime foi uma pistola Mauser, cuja foto aparece abaixo. Era de propriedade do pai de Miriam, a esposa de Moacir, que a emprestara ao casal para sua lua de mel, uma viagem de automóvel à Argentina.

A arma foi encontrada em uma mesa na sala de jantar e o cadáver estava na cozinha da casa – não foi possível qualquer perícia, pois vários dos que acorreram à cena do crime manusearam a arma.

Miriam Elias Bandeira de Melo, com quem Moacir se casara há cerca de dois meses, foi acusada e terminou condenada por homicídio, tendo sido recolhida à Penitenciária do Estado, em São Paulo.

Os julgamentos, em primeira e segunda instâncias, com apelações, foram fartamente cobertos pela imprensa, tendo vindo à tona acusações feitas por familiares da vítima, que disseram ter sido Miriam infiel e de ter furtado dinheiro do marido.

Miriam, uma mulher muito bonita e cuja família vivia em Jundiaí, sempre disse ser inocente e acabou sendo absolvida pelo Tribunal de Justiça em 25 de junho de 1948. Antes fora condenada, em segunda instância absolvida e nessa data definitivamente absolvida.

Seus advogados, o dr. José Romeiro Pereira e a então recém-formada dra. Esther de Figueiredo Ferraz, que chegou a ser reitora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Ministra da Educação, defenderam a hipótese de suicídio. Foi assistente da acusação o professor Luis Antonio Gama e Silva, mais tarde Ministro da Justiça.

O caso chamou a atenção, além de exaustivamente tratado pela imprensa, ao que parece houve choques entre os advogados: o jornal “Diário da Noite”, do Rio de Janeiro, em sua edição de 15 de setembro de 1948, dizia que “o advogado de Miriam, dr. Romeiro Pereira, deputado estadual, andava assoalhando por todas as praças de Jundiaí infâmias a respeito da família do morto, atribuindo-lhe a eiva de serem portadores de morfeia (lepra)”.

A “Folha da Manhã” noticiava que, após deixar a penitenciária, Miriam almoçara em casa de sua advogada e viajara para Jundiaí, onde ao chegar foi festivamente recepcionada por amigos e parentes, dentre os quais o padre Arthur Ricci (que fizera seu casamento), Amadeu Ribeiro Jr, presidente da Câmara Municipal, Joaquim Candelário de Freitas, professores das escolas do município e “outras pessoas gradas” – houve até uma “demorada salva de foguetes” e “outras manifestações de regozijo”, tendo sido seus defensores “ovacionados”.

A “Folha” traz a foto abaixo, mostrando da esquerda para direita a advogada, o pai de Miriam e ela com sua filha – à época do crime Miriam estava grávida e deixou a prisão para dar à luz, retornando à penitenciaria com a criança, o que torna tudo ainda mais triste.

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