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Jundiaqui

 Destaques da “Semana de 22” frequentavam Jundiaí
18 de abril de 2022

Destaques da “Semana de 22” frequentavam Jundiaí

Por Luiz Haroldo Gomes de Soutello

O centenário da Semana de Arte Moderna tem sido bastante comemorado. Há uma exposição a respeito da Semana, na sede da FIESP, na Avenida Paulista, e muito se tem escrito a respeito do assunto. Não é por bairrismo que digo que a melhor dessas publicações é “A semana de Arte Moderna: São Paulo, 1922” (Editora Moderna, São Paulo, 2021), do amigo Douglas Tufano, meu confrade na Academia Jundiaiense de Letras. Esse livro, extremamente didático, situa muito bem a Semana no contexto histórico e cultural, além de retratar, em poucas pinceladas, mas bem escolhidas, os principais protagonistas daquele evento.

Para quem não conhece nada a respeito do assunto, registro apenas que a Semana consistiu em três “soirées” no Teatro Municipal de São Paulo, com a realização de conferências, leitura de poemas e de trechos em prosa, e apresentações de música e de dança.

A que nos interessa é a segunda “soirée”, que ocorreu na quarta-feira 15 de fevereiro de 1922. Teve início com uma conferência do poeta Menotti Del Picchia, ilustrada com a leitura, pelos próprios autores, de poemas e de trechos em prosa. A seguir, houve uma apresentação de dança pela bailarina Yvonne Damerie. E depois apresentou-se a notável pianista Guiomar Novaes. Fim da primeira parte. Quem quiser saber o que aconteceu durante o intervalo e na segunda parte, leia o livro do Professor Tufano.

Muita gente supõe, erradamente, que há cem anos a nossa Jundiaí fosse um deserto cultural ítalo-caipira. Não é verdade. O poeta Menotti Del Picchia e a pianista Guiomar Novaes, que foram destaques na segunda “soirée” da Semana de Arte Moderna, frequentavam Jundiaí. Mais precisamente, frequentavam, em Jundiaí, a residência do casal Maria Augusta e Morivaldo Lobo da Costa, que também era frequentada por mais duas pianistas do topo da lista: Antonieta Rudge e Magdalena Tagliaferro.

Nem Maria Augusta e nem Morivaldo Lobo da Costa eram músicos, ele era funcionário da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Mas esse casal tinha três pianos em casa: um de cauda, um de meia cauda e um de armário. A explicação é que um dos filhos do casal, o penúltimo de uma ninhada de nove, era o pianista Múcio Lobo da Costa, que estudou na Escola de Belas Artes, em São Paulo. Era ele quem trazia para Jundiaí esses artistas de primeira linha no cenário cultural de São Paulo.

Múcio morreu moço, por volta dos quarenta anos. Para constar, registro que o irmão mais velho, Waldomiro Lobo da Costa, foi prefeito de Jundiaí, de 1927 a 1930, e que o caçula, Moacyr Lobo da Costa, era professor no Largo de São Francisco quando eu estudei lá. Mas eu não tinha contato com o Professor Moacyr na Velha Academia, porque tinha medo dele, como aliás a maioria dos estudantes. O homem era carrancudo e severíssimo. Até que o encontrei uma noite na residência do meu primo Rubens Gomes de Sousa, que foi contemporâneo de Moacyr no Liceu Culto à Ciência (Campinas) e também no curso de direito. Ambos tinham grandes bibliotecas e grandes discotecas de vinil, e Moacyr às vezes ia ouvir música com o Rubens. Foi assim que descobri o lado afável do temido Professor Lobo da Costa.
Mas essa é outra história, que fica para uma próxima vez. Por hora, recomendo, para quem quiser saber mais a respeito da família Lobo da Costa em geral, e do Professor Moacyr em particular, um discurso em homenagem a ele proferido pelo Professor Acácio Vaz de Lima Filho, cujo texto, publicado no volume 101 da Revista da Faculdade de Direito da USP, está disponível na Internet. E, no que toca ao prefeito Waldomiro, há uma publicação muito interessante no blog “Jundiahy Antiga”, do Professor Vivaldo José Breternitz.

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