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Jundiaqui

 Há 10 anos, a manchete de Fernando Dias
24 de julho de 2020

Há 10 anos, a manchete de Fernando Dias

Por Nelson Manzatto

Conheci Fernando Dias quando era editor-chefe do “Jornal de Jundiaí” e ele repórter policial do “Jornal da Cidade”. Tínhamos praticamente a mesma idade, os dois já cinquentões, mas já ouvira falar dele muitas vezes. Conhecia seu trabalho, mas nunca o vira pessoalmente. Só vim a conhecê-lo, a cumprimentá-lo, quando a direção do “JJ” decidiu que deveríamos contratá-lo e assim ele ocuparia, também, os microfones da Rádio Difusora Jundiaiense. Não tinha muito o que orientá-lo, afinal ele sabia tudo sobre o seu trabalho e sobre jornal. Assim, ficou fácil trabalhar com ele.

Falávamos-nos todos os dias, muitas vezes me ligava em casa para relatar um crime ou uma prisão ou – principalmente – um assunto que era exclusivo nosso. Ou dele! Sim, afinal, ele “brigava” pela informação. Sentia que ele queria publicar tudo sozinho, mas lhe dava toda força necessária para que o jornal onde trabalhávamos continuasse a ir bem nas vendas.

Certa vez já estava em casa, por volta da meia-noite, quando me ligou para informar sobre um crime. Voltei à redação, demos manchete sobre o caso – que só nós tínhamos – e no dia seguinte transferi a ele os elogios da direção.

Mas Fernando Dias tinha um problema sério: a diabetes não o deixava em paz e ele não conseguia lutar contra ela. Aliás, aceitava-a com a maior tranquilidade. Tanto que começou a ficar difícil a passagem dele pela redação: foi operado dos dois calcanhares, fazendo com seus passos fossem transformados numa caminhada de cadeira de rodas. Depois, veio a cirurgia que lhe amputou parte de uma das pernas, mas isto não o impedia de dirigir e de ir em busca da informação. Fernando era assim: apaixonado pela notícia!

Quando deixei o jornal, em 2007, enviei um e-mail a toda a redação me despedindo e agradecendo o apoio durante o tempo em que fiquei à frente da equipe. Mas esqueci que, como não ficava no jornal, Fernando não recebeu tal e-mail. Surpreendi-me dias depois quando vejo na caixa de mensagens de meu e-mail, um texto dele e era Fernando quem agradecia o apoio. Liguei para ele, falamos sobre o futuro do jornal e de cada um de nós. Sugeri que diminuísse o cigarro e como resposta ouvi um sorriso e um “até breve!”

Fernando não conseguiu enfrentar por muito tempo a doença. No inverno de 2010, exatos três anos de minha saída do jornal, ele o fez também. Mas de uma forma mais triste, já que a diabetes o venceu. O jornalismo da cidade perdeu, naquele ano, um dos nomes mais importantes desta área na cidade. E se durante muitos anos fez e divulgou notícias, neste dia, Fernando Dias foi a notícia, a manchete do jornal.

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