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Jundiaqui

 ROTA 66 (crônica de aniversário!)
15 de novembro de 2018

ROTA 66 (crônica de aniversário!)

Por Wagner Ligabó

É madrugada alta deste dia 15 e cá estou eu escrevendo sobre a vida. Hoje completo 66 anos. Olho para dentro de mim e pergunto: e agora?

Sempre fui um supersticioso de carteirinha influenciado por minha mãe e seus dotes esotéricos. Coisas secretas dos astros, coisas do além e suas vibrações sobrenaturais. Simpatias, rezas e mandingas do bem. A “mamma” é poderosa!

Sendo assim um dos meus cacoetes é a fixação pelo número onze. Reza a lenda que o número 11 é um número mestre, um número perfeito que representa o idealismo do homem na busca pela sua própria espiritualidade e pelo contato com Deus, e sempre lá ele esteve a marcar minha vida e a projeção de futuro que fazia onze anos à frente. O que acontecerá comigo daqui onze anos?

Então coloco os meus saltos paranóicos a cada onze anos e os fatos marcantes destas datas a apreciação de quem lê. Algo supersticioso mesmo. Um surto de TOC diria! kkk

Meu marco zero foi 1952, ano que inventaram o primeiro antipsicótico já se imaginando que o mundo iria precisar muito do auxílio deles.

E daqui onze anos? Como seria?

Marco 11 – 1963

Salto para 1963. Aos onze anos, a marca da data foi passar em terceiro lugar na dificílima prova de admissão do ensino público da cidade de São Paulo que dava acesso ao curso ginasial dos melhores colégios (um vestibular cabeludo a época, pois até cursinho preparatório tinha que fazer se quisesse passar!) .

Para orgulho de meus pais consegui entrar no rol do inigualável Instituto de Educação “Caetano de Campos”, o palácio do saber da Praça da República, a melhor e tradicional escola pública da capital paulista, um prêmio conquistado com muita dedicação, principalmente por eu ter nascido coincidentemente no dia 15 de novembro, data da proclamação da República.

E daqui onze anos? Como seria?

Marco 22 – 1974

Chega 1974, eu estudando medicina aqui em Jundiaí, um jovem cabeludo cheio de ideias e planos, tenho minha vida marcada pela chegada da Gê.
Ela tornou-se, sem pedir licença, o meu par, a tampa da minha panela, a parceira de tantas lutas, a mãe zelosa de meus filhos e a avó apaixonada de seus netos. Amor e bem querer. Vale muito a pena.

E daqui onze anos? Como seria?

Marco 33 – 1985

É 1985 e o ano é marcado pelo meu retorno a Jundiaí a convite do Dr Ruske para trabalhar com cirurgia cardíaca no Hospital Paulo Sacramento. Vim de mala e cuia com a Gê e já com três filhos. A vinda era necessária pois as crianças viviam doentes e a possibilidade veio a calhar na hora certa. Precisavam de ar puro e a vinda foi marcada por um sinal: um buquê de rosas vermelhas de agradecimento dado por uma vizinha lá em Guarulhos, cidade poluída onde morávamos. Um dia conto a história.

Dedicar-se a Jundiaí foi uma das realizações mais prazeirosas que tive na vida. Sentir-se um profissional respeitado, um músico realizado e um cronista reconhecido inundou minha vida de alegria. Ver meus filhos aqui casarem e meus netos aqui chegarem foi brinde divino. Um viva a esta terra!

E daqui onze anos? Como seria?

Marco 44 – 1996

A data marcante não deixa dúvida: 10 de janeiro de 1996, registrada no meu velho crachá – médico do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo apesar de lá estar desde 1990.

Trabalhar nesta instituição foi um caso de amor iniciado em 1973 quando eu, acadêmico de terceiro ano de nossa faculdade, adentrei-o pela primeira vez, orgulhoso que só, vestindo todo branco pela primeira vez na vida, e lembro dizer em silêncio e suando frio a mim mesmo: aqui você aprenderá a ser um médico competente, responsável e honrado, tríade que persigo até hoje.

O Vicentão é um motivo de luta que gratifica por tudo que ele representa em termos de atendimento qualificado em saúde. Um hospital de ensino que dignifica sua vida centenária em bem atender sem olhar a quem. Pode não ser o maior, mas é o melhor. Passaria horas aqui relatando o que vivi neste local tão querido. Como sempre digo: “ Eu sou São Vicente “ e ponto final.

E daqui onze anos? Como seria?

Marco 55 – 2007

Ter filhos é uma das dádivas maiores que Deus nos brinda. Brinco dizendo, regado à corujice apaixonada, que tenho três filhos queridos que me amparam de forma definitiva:

Lê, o mais velho deles, advogado de formação sólida, defende o pai exaltado;

Ju, a filha do meio, psicóloga de competência inquestionável, acalma e entende o pai ansioso.

Já o Lô, raspa de tacho, o único a seguir os passos paternos na profissão, é cardiologista dos bons, bem melhor que seu pai e tem obrigação de substituí-lo! kkk

O ano de 2007, ano que o Lourenço se graduou em medicina, fechou o ciclo do bem maior que os pais podem proporcionar a seus filhos que é educação de qualidade. Missão cumprida. Agora voem com suas próprias asas!

Marco 66 – 2018

Agora já não olho com tanta expectativa para o futuro. Ele me amedronta. Difícil imaginar daqui onze anos, se vivo estiver, completar 77 anos.

Como serei? Como estarei?

Tudo que vivi até hoje tenho registrado claro na memória. Agora o que vem à frente é olhar por uma janela de incertezas e ansiedades. Mas com a alma altiva devemos acreditar que só coisas boas virão, não é verdade? Tento me convencer, mas rapadura é doce, mas não é mole não. Fecho os olhos… A ordem é uma só: por o pé na estrada da famosa Rota 66 e seja o que Deus quiser!

Puntataco ! Aí vou eu!

Wagner Ligabó é médico cardiologista e vereador em Jundiaí

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