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Jundiaqui

 José Maurício dos Santos tinha o jornalismo correndo nas veias
17 de fevereiro de 2022

José Maurício dos Santos tinha o jornalismo correndo nas veias

Jornalista marcou época em três diferentes redações de Jundiaí; era avesso a foto e bom de texto

Edu Cerioni

Quando ele esfregava as duas mãos e depois ajeitava os óculos, os olhinhos até brilhavam e era certeza: tinha história boa no jornal do dia seguinte. A manchete estava garantida e isso era motivo de comemoração com um café e um cigarro.

José Maurício dos Santos era empolgado por dar furos jornalísticos, ou seja, pelas reportagens exclusivas. E elas muitas vezes vinham dos chamados focas, que de repente nem sabiam o tesouro que tinham cavado, mas que ele ajudava a lapidar – tempos de máquina de escrever, das laudas com papel carbono e das correções na base da canetada.

Muitos repórteres conhecidos da cidade, como Jamilson Tonoli, Adílson Freddo, Flávio Gut, Denise Akstein, Celso Fonseca, Denílson e Dagoberto Azzoni, Luiz Lessi, Wilson Lima, Hanaí Costa, Denise de Oliveira, entre outros, tiveram a oportunidade de conviver em redações com o Maurício. Inclusive, eu.

Comigo foi nos anos 80 do “Jornal de Jundiaí”, em que ele era o editor-chefe, comandando uma grande equipe – época dos jornalões que tinham vários editores e seus assistentes, repórteres para diferentes editorias, revisores, diagramadores etc, muitas páginas a se preencher e tempos em que se checava duas, três vezes uma notícia antes que fosse divulgada. Agora em que rolam tantas fake news, Maurício já faz falta.

O jornalista começou a carreira em 1977, então como repórter do “Jornal da Cidade”. Nelson Manzatto se recorda: “Minha última matéria no ‘JC’, em 77, fiz junto com ele. Era o primeiro dia dele no jornal. Voltei a reencontra-lo em 1997, exatos 20 anos depois, na redação do ‘JJ’. Uma grande figura”.

Maurício trocou o “JC” pelo “Jundiaí Hoje”, de Sandro Vaia, Ademir Fernandes, Carlos Motta e outras lendas do nosso jornalismo. O “JH” teve vida curta, entre 1980 e 1983, mas sua equipe seguiu escrevendo histórias, com o arrendamento da redação do “JJ”. Maurício chegou ao posto máximo da redação, o de editor-chefe, quando Tobias Muzaiel retomou o comando.

Em 1987, ele deu uma guinada na carreira e foi ser assessor de imprensa da Prefeitura de Jundiaí, tempos em que o prefeito era André Benassi. Por uma década ficou fora do que mais gostava, o jornalismo diário, embora trabalhando em projetos semanais ou mensais como “O Tempo” e “A Tribuna”. Também fez a assessoria do deputado estadual Ary Fossen.

A volta ao “JJ” foi em 1996 e até 2000, de novo como chefe de redação e ajudando a formar nova turma de repórteres. Jundiaí cansou e a aposta foi mudar para Campo Limpo Paulista, onde foi editor-chefe de “O Pêndulo”, entre outros periódicos.

Foi na vizinha cidade que ele faleceu na madrugada desta quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022, aos 62 anos de idade, mexendo com as lembranças de gerações de jornalistas nas redes sociais. Um cara que não gostava de aparecer na foto, mas sabia antecipar qual era a boa imagem que iria atrair o leitor e que tinha um talento incrível para escrever, reescrever e que soube dividir seus conhecimentos.

Nota curiosa: Um belo dia de 1984, Maurício teve um atrito com os jornalistas mais experientes do “JJ” e resolveu mudar a chefia de pauta, um dia fraco de assunto e sem manchete. No calor da discussão, alguém o cutucou: “E vai colocar quem?”. Ele não teve dúvidas: olhou ao redor e o primeiro que viu, escalou: “Você!”. Eu fui o promovido, um foca com menos de seis meses ali. Arregacei as mangas, abracei a ideia e… menos de um mês depois, o dono da vaga reassumiu e eu voltei ao que sabia fazer, observar tudo e todos para aprender o que não se conseguia na faculdade.

Fonte: “Enciclopédia de Paula”, de Celso de Paula. Foto: Arquivo

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