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Jundiaqui

 A (des)construção da educação na pandemia
24 de junho de 2020

A (des)construção da educação na pandemia

Por Lucia Helena Andrade Gomes

Durante a pandemia vivenciamos inúmeros desafios cotidianamente, mas, sem dúvida, a educação formal é um dos maiores desafios ao Estado, aos profissionais da educação (pública e privada), às famílias e aos próprios alunos. Cabe-nos ressaltar que a educação na pandemia ganhou holofotes e cresceu refletindo as nossas desigualdades sociais. Data do ENEM, suspensão das aulas, possível retorno etc.

Início minhas reflexões a partir do ensino superior, onde o ensino a distância já era prática assumida em algumas instituições. Obviamente, há dificuldades em implementar todos os cursos no país com aulas online: dificuldades operacionais tecnológicas, dificuldades por parte dos gestores e docentes, dos alunos sem internet no ambiente familiar, as barreiras de aprendizagem, entre outros aspectos. São inúmeros pontos controversos, mas possíveis de serem solucionados na maioria deles.

No ensino médio e fundamental os desafios aumentam…

Na rede privada o turbilhão é mais facilmente controlado, porque os alunos, via de regra, têm acesso à internet e os gestores e professores assumem as aulas, recriando o ato de ensinar à distância, transformando seus domicílios em estúdios de gravação, sem nunca terem sonhado com a vida de atores.

Na rede pública o turbilhão aumenta e muito! Grande parte dos alunos não tem celular, computador, internet em casa. Mesmo na pandemia, muitos pais estão trabalhando, seja em home office ou fora nos trabalhos informais ou essenciais à sociedade. Os professores também enfrentam dificuldades maiores como usar a própria rede ou compartilhar com os filhos computadores e celulares. Estes alunos estão à deriva, é necessário um esforço descomunal para que possam atingir o mínimo de conhecimento do ano letivo.

Na educação infantil, atingimos o ápice do fracasso das aulas virtuais. Educação infantil é interação, socialização, aprender a conviver, a compartilhar, a brincar em grupo! Como atrair uma criança aos dois anos a acompanhar as atividades das professoras online? Confesso, não vislumbro estratégias possíveis para suprir a lacuna da interação. Aqui, o problema é comum nas redes pública e particular!

Uma saída foi antecipar as férias de julho, mas julho se aproxima e o vírus insiste e atormentar nossa existência. O que faremos? Agora, fala-se em retomada em setembro…

As escolas particulares deverão dialogar com os pais a respeito dos custos. Infelizmente, algumas irão sucumbir à crise econômica e irão gerar desemprego. Parte dos pais não poderá arcar com as mensalidades e os filhos serão transferidos para as escolas da rede pública, que deverá acolher um maior número de alunado.

Nesta roda-viva, pais que de repente assumiram o papel de tutores, gestores, professores e alunos estão exaustos, para não dizer perdidos!
Neste cenário complexo e temeroso é imperioso que o Ministério da Educação trace políticas públicas que orientem estados e municípios com diretrizes e base em todos os segmentos da educação: da creche até a pós-graduação, no ensino público e no privado.

Faz-se mister despir-se de arguições ideológicas infrutíferas e assumir a missão mais importante do país: a EDUCAÇÃO!

Lucia Helena de Andrade Gomes é advogada, doutora em educação e presidente da Comissão OAB vai à Escola Jundiaí

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