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Jundiaqui

 A experiência dos 50 anos
17 de junho de 2020

A experiência dos 50 anos

Por Kelly Galbieri

Engraçado escrever sobre os cinquenta anos. Parecia que estava tão longe… e ele chegou!

Não sei como vocês se sentem, mas para mim é meio surreal. Sim…surreal mesmo, aquilo que é estranho, que não corresponde à realidade. Porque parece que eu penso como pensava quando tinha vinte e poucos anos. Talvez porque tenha começado a trabalhar ainda menina, me casado cedo, tenha tido minhas filhas com pouca idade ou porque a juventude muito me agrada.

Vivo no meio de jovens, me divirto com eles e odeio ficar falando de doenças. O papo ainda é riso, alegria, amizade e só. Não quero mais que isso.
Claro que a comemoração não foi do jeito que eu queria. Afinal este vírus veio para estragar tudo o que eu tinha planejado. Queria um encontro com minha família (minha filha e nora vinham dos EUA), meus amigos, meus parceiros de trabalho, minha comunidade, meus filhos postiços. Nossa, seria um mês todinho de festa. Mas foram “lives”, mensagens, telefonemas, buzinaço, champagne, bolo, jantar em casa. Mas tudo com tanto carinho que me fez refletir sobre o significado dos cinquentão.

O que fazemos no nosso dia a dia é que constrói a nossa história. As nossas escolhas profissionais, os amigos que fazemos nas várias fases escolares, os trabalhos voluntários, a quem nos dedicamos de corpo e alma sem pensar em nada. Tudo isso faz com que a nossa fase adulta seja completa, como tem sido a minha. Quando falta de um lado, do outro transborda.

Este último final de semana tive uma alegria muito grande. Fizemos um encontro virtual de amigos da E.E.P.G. Pedro de Oliveira. Estudei lá do pré primário até a oitava série. Falo de 1976 a 1984. Hoje os nomes são outros. Mas gosto de me lembrar destes. Depois disso nunca mais tinha falado com meus amigos. Com exceção da Selma, claro…rs…esta falo desde antes de 1976.

E domingo nos encontramos para relembrar nossas histórias, contar as novas e programar nosso encontro presencial. 35 anos depois. Foi incrível. Estamos tentando resgatar a turma toda.

O que eu percebo que mudei nestes últimos anos, e isso só posso agradecer, é que passei a me importar muito mais com questões que antes me passavam despercebidas ou que eu evitava para não entrar em confrontos. Tipo, não discutir política, racismo, feminismo, ou alguma outra bandeira que, por não ter meu lugar de fala, achava melhor ficar quieta. Hoje entendo que ficar quieta é a mesma coisa que ser preconceituosa, ou atrapalhar aqueles que lutam.

Não dá mais para nos calarmos e assistir a luta dos outros, no conforto do nosso sofá, e quando tudo está pronto, levantar para aproveitar. Afinal, os cinquenta anos chegaram. E a sociedade espera de mim o que eu esperava dos adultos. Agora é a minha vez de fazer pelos outros o que fizeram pela minha geração. Contem comigo!

Kelly Galbieri é advogada, assessora municipal de Políticas para Diversidade Sexual

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