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Jundiaqui

 O Papa é Pop?
3 de janeiro de 2020

O Papa é Pop?

Por Vera Vaia

Entra ano, sai ano e a tacanhez de certas mentes humanas continua a mesma.

Isso ficou bem evidente nesse primeiro dia de 2020, que foi marcado por um cacete quase que generalizado no Papa Francisco nas redes sociais.

“Onde já se viu um Papa dar um tabefe na mão de uma fiel?” “Oh, que horror!” “Esse Papa não me representa!” “O Francisco é comunista!”… E daí pra baixo.

Não entendo por que tanta indignação diante de uma reação tão humana.

Uma mulher quase arranca a mão do santo homem e querem que ele banque uma estátua. Vai que ela seja uma tantã que tenha frequentado as aulas de tiro junto com os filhos do Bolsonaro e que quisesse colocar em prática seus conhecimentos, usando uma faca para ferí-lo. Epa, opa!

Outro chavão, incansavelmente recitado pela torcida organizada da direita, é “esse Papa não me representa”. Não representa por quê? Será porque ele não tenha execrado os gays da sua Igreja, como querem alguns? Ou porque não é totalmente favorável ao celibato? Ou será porque ele defende a preservação do meio ambiente? Ou porque também se preocupa com os pobres de Paris, digo, do mundo?

“Esse Papa é comunista.” Não querendo, nem de longe, me equiparar ao Papa, eu também já ganhei esse título no twitter por defender causas parecidas com as que ele defende. A diferença entre nós é que ele tem ligação direta com Deus, e o seu perdão pode vir mais rápido.

Mas o que me incomoda de fato não é o perdão tardio, se for o caso, é a falta de informação dessa gente que usa a palavra “comunista” sem ter a menor noção do que ela representa.

Para quem não sabe, e parece que tem muita gente que não sabe, a teoria do comunismo era uma utopia de Karl Marx que desejava uma sociedade sem opressão, sem classes, sem as disparidades sociais que temos por aí – segundo dados recentes, os 26 mais ricos do mundo concentram a mesma riqueza dos 3,8 bilhões mais pobres.

Só que, claro, isso não funcionou. O ser humano não está preparado para tanta nobreza de espírito e o que se viu até agora são sociedades oprimidas por ditadores que se dizem comunistas. Vide Cuba e Coreia do Norte.

Voltando ao tapa do Papa na fiel, é bom lembrar que toda ação tem uma reação e que o Papa Francisco é antes de tudo o cidadão Jorge Mario Bergoglio, um mortal comum feito de pele, osso, carne e sangue nas veias, como todos nós.

Ele extrapolou? Talvez! Só não entendo o critério adotado para se condenar uma conduta. Um presidente falar pro jornalista que ele tem uma tremenda cara de homossexual, pode. Mas um Papa se desvencilhar mais abruptamente de uma fã alucinada, não pode.

Ah, e só pra lembrar, comunista não come criancinha. Quem andou comendo foram alguns representantes da fé que esse Papa “comunista” denunciou e puniu. Atitude essa que poderia ser copiada pelos responsáveis de outras crenças também.

Vera Vaia é jornalista

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