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Jundiaqui

 Poetando
14 de outubro de 2022

Poetando

Vera Vaia

A gente vai ao médico, faz uma porrada de exames e quando volta com os resultados ele manda você parar de fumar, mesmo que não fume, de beber e, claro, para que faça exercícios físicos.

Ele manda e eu obedeço. Tenho saído quase que diariamente para uma caminhada num pequeno bosque a uma quadra de casa.

Tirando a parte de calçar os tênis (odeio), caminhar pode ser um exercício bem prazeroso, especialmente num lugar bucólico.

Chega até a despertar em mim um certo espírito poético adormecido desde os tempos em que a gente via poesia em tudo.

O cheiro do mato recém-cortado, a relva umedecida pelo orvalho da manhã que o sol ainda não secou, os galhos retorcidos em desenhos kamassutrianos se abraçando aos troncos das árvores, os miquinhos que “voam” ao lado de sanhaços azuis, maritacas, colibris, disputando uma pequena fruta, ou um inseto que passeia distraído pelos ramos, tudo isso junto me fez decidir que esta semana escreveria sobre amenidades, enlevada pela poesia da natureza.

Mas bastou chegar em casa, tomar um belo copo de água e entrar nas redes sociais que lá se foi minha poesia.

O assunto mais comentado destes dias tem sido sobre os delírios da dona Bela Cover, a tal Damares Alves. Para quem não sabe, dona Bela é aquela personagem da escolinha do professor Raymundo que só pensa naquiiiilo. Pois a cover também. Ela é capaz de ver sexo, com maldade, até num pão francês.

Num vídeo da ex-ministra e hoje senadora eleita, onde ela aparece pregando num templo evangélico, a tarada mostra o grau de insanidade que uma pessoa pode atingir. Sem provas, vai vomitando sobre os fiéis, muitos acompanhados de seus filhos menores, que pedófilos pegam criancinhas e arrancam seus dentes para a prática do sexo oral e que elas só comem comida pastosa deixando assim o intestino livre pra hora do sexo anal.

Pequepê, dona Coisa! Como uma pessoa que diz ter essa informação não vai à polícia formalizar uma denúncia e sai caçando os criminosos? Suba na sua goiabeira e aponte os malditos, pô!
Mas parece que o que a senhora gosta mesmo é de tocar terror nos crédulos fiéis, fazendo com que acreditem que isso é coisa dos adversários endemoniados, com a intenção de levantar aquela velha lebre de que “comunista come criancinha”, sugerindo que os que não rezam a cartilha da Família Acima de Tudo, Deus Acima de Todos, são todos comunistas.

Pois não são. E também não consta que comem ou que já comeram criancinhas e muito menos que comeriam carne de índio cozida à moda, como teria comido – se não tivesse sido impedido pela sua equipe -, um certo falso cristão que não tem o menor pudor de confessar em entrevista que já estava salivando, com o garfo e a faca na mão esperando pela iguaria.

Xapralá. Vamos falar de coisas mais leves. Em 12 de outubro o Brasil inteiro comemorou o Dia da Criança e o Dia de Nossa Senhora Aparecida e relaxou dos acontecimentos anteriores. Relaxou?
Nem tanto. Teria tudo corrido muito bem como sempre correu se o presidente e seu séquito não tivessem comparecido à Basílica de Aparecida com a maior cara de pau de um não católico praticante e levado junto a baixeza dos “cristãos” enfurecidos que distribuíram tapas na cara do cinegrafista da emissora oficial da Diocese e que vaiaram o Arcebispo Dom Orlando Brandes durante a homilia só porque disse no sermão que “o Brasil precisa vencer muitos dragões”. Talvez eles tenham entendido gado, por isso a revolta.

Mas o Dia das Crianças até que foi legal. Foi mesmo?

Nem tanto. Lá em Uberaba (MG), a prefeita Elisa Araújo, fã de carteirinha do mito, promoveu uma festa diferente para as crianças. Elas puderam “brincar” com armas de fogo ao vivo e com bombas de gás lacrimogênio. É pacabá!

E com essas e mais outras, lá se foi de vez meu espírito poético.

Em seu lugar entrou o espírito Dercy Gonçalves. E aqui ficou.

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