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Jundiaqui

 Quase Natal…
22 de dezembro de 2019

Quase Natal…

Crônica de Wagner Ligabó

Já é ‘quase’ Natal. Relendo o impecável texto “Quase” da colega Sarah Westphal Batista da Silva, que ‘quase’ tornou-se uma escritora renomada, mas – como eu – optou pelo sacerdócio da careira médica, ponho-me pensativo.

Destaco dois segmentos que mexem comigo:

“Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance: para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à duvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.”

“ Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”

Seguindo a intuição do texto, vejo-me sentado comodamente em uma  cadeira de minha varanda, e vaticino que vivemos uma realidade sem graça que já foi ‘quase’ perfeita. Mal da idade? Saudosismo?’ ‘Quase’!

Atualmente vivemos numa sociedade rodeada de tantas mentiras que, de tão repetidas, ‘quase’ tornam-se verdades, mas são suficientes o bastante para convencer os incautos. Estamos pasteurizando o mundo ao brincarmos de faz de conta. Chega de mentir. Sejamos objetivos. Mas quem deseja isto? ’Quase’ ninguém.

Chega de ouvir dizer e concordar que o Brasil está ‘quase’ lá. Fingimos que ‘quase’ somos primeiro mundo, mas ‘quase’ ninguém de boa índole acredita. Somos governados por uma minoria que adoça uma imensa maioria de vacas de presépio, e para estes, estando bom assim – um ‘quase’ ótimo – é o que mais importa.

Cansei de ouvir que os estádios da Copa 2014 e as obras das Olimpíadas do Rio estariam ‘quase’ prontas; que o que foi gasto a mais nas construções seria ‘quase’ nada, e que ‘quase’ tudo que envolvia infraestrutura para melhorar as cidades estariam a contento na época do evento. Uma mentira “quase”  verdadeira. E hoje se comprovou que ‘quase’ tudo foi superfaturado e ‘quase’ tudo está abandonado.  É complicado.

Que não teríamos mais tantas vitimas de deslizamentos de morros ou enchentes nos lugares de sempre, pois ‘quase’ todas as providencias foram tomadas e sempre dá no que dá. É duro! Uma garota de programa tem ‘quase’ todos os atributos de uma moça de família, inclusive ser de família. Tudo, ou ‘quase’ tudo, é permissivo dependendo do ângulo que se olha.

Que nossa política, corrupta em todos os níveis, com as reformas, que há séculos estão por acontecer, agora tomará impulso definitivo de vez e tornar-se-á um exemplo de ‘quase’ perfeição. Quase acreditei, entretanto ‘quase’ todo dia tem um novo escândalo envolvendo alguém miúdo ou graúdo dos Três Poderes. Todos serão investigados com rigor como ‘quase’ sempre acontece ‘tá ok’ ?  É assim?  ‘Quase’!

Desilude pensar que os movimentos que reuniram milhares e milhares de descontentes pelas ruas do país protestando por uma vida melhor ‘quase’ deu certo.

Com pés no chão e olhar num futuro incerto desejo a todos os amigos um Natal, se não perfeito, ‘quase’ perfeito. Lembre-se que para amor, alegria e fraternidade não tem ‘quase’.

Que assim seja.

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