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Jundiaqui

 Um lugar ao sol
19 de junho de 2017

Um lugar ao sol

Por Vera Vaia

Numa semana de muita chuva, de muito frio, de muito agito político e de muitos problemas pra resolver, decidi aproveitar o feriado e ficar longe de tudo. Dos entupimentos de pia, dos canos que estouram, da internet que vai e vem, e que às vezes só vai, e que quando vem, me traz só notícias estressantes. Assaltos, crimes de morte, crimes de corrupção, juízes de futebol que favorecem ao time adversário ao meu, juízes do Supremo que favorecem aos amigos seus, presos corruptos que vão pra cadeia mas que não querem ter a cabeça raspada porque seria muita “humilhação” (gozado isso. Roubam acintosamente, se deixam flagrar com mala cheia de dinheiro, uma imagem que vai ficar pra sempre na cabeça dos filhos e dos netos, mas raspar a cabeça, nem pensar)!

Essa mesma internet que traz também notícias tristes envolvendo jornalistas. A da morte do Jorge Bastos Moreno, o profissional que se destacou com a famosa matéria sobre aquele pobrinho Fiat Elba que derrubou o então presidente Collor de Melo, e a outra sobre a agressão sofrida pela jornalista Miriam Leitão, que chega a ser tão chocante quanto a primeira. Lamentável o sufoco pelo qual passou dentro de um avião, provocado por aquela turba petista desorientada e desinformada (pleonasmo), que atacou verbalmente e sem dó a moça, só porque, dias antes, o chefe da quadrilha mencionou seu nome num discurso como se ela fosse a inimiga número um do Partido.

E como “ordis é ordis”, seus fiéis escudeiros foram cumprir seus papéis, da mesma forma como obedeceram ao zedirceu, em outra ocasião, quando ele mandou que batessem no governador Mário Covas, já doente de câncer.

É assim que eles funcionam. Quem não pensa e não age como eles, precisa ser eliminado. Alguns literalmente, dizem!

E como se não bastasse esse ataque ser chocante por si só, ainda temos de ver nas redes sociais a outra turba enfurecida, a da extrema direita, dizendo que Miriam Leitão mereceu passar por tudo isso. Por motivos opostos, evidentemente, mas com o mesmo grau de insanidade.

Por esses e outros motivos, decido que seria saudável passar uns dias longe da internet, então lá vou eu pra beira do mar esperar o sol, ol, ol, ol. E não é que ele veio? Lindo, brilhante, azulando ainda mais as águas do oceano.

Isso me animou e fiz planos: primeiro escrevo meu texto semanal e depois desço para aproveitar o dia.

Só me esqueci de um detalhe. Como vou escrever sobre os acontecimentos da semana se não tenho a internet, aquela que tanto me azucrina, pra fazer pesquisa?

E com certo desalento, me dei conta de que existem males que vêm para o bem. Ruim com ela, pior sem ela!

Então o texto se resumiu a esse desabafo. E ainda tenho de sair pra procurar um canto que tenha wifi, já que meu ponto G também não foi encontrado. Nem o três, nem o quatro.

Égua! A vida moderna dá um certo trabalho!

Vera Vaia é jornalista

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