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Jundiaqui

 Pellicciari, Palmeiras e Pacaembu
8 de fevereiro de 2021

Pellicciari, Palmeiras e Pacaembu

Por Luiz Haroldo Gomes de Soutello

Aqui em Jundiaí, onde quase todos são netos de italiano e tem muito torcedor do Palestra Itália, vulgo Palmeiras (desde 1942), essa é uma história de passadas glórias do verdão…

Romeu Pellicciari (1911-1976), nascido e criado aqui na Ponte São João, foi revelado como futebolista pelo Clube São João. Foi contratado pelo Palestra Itália em 1930 e teve participação importante na conquista do tricampeonato de 1932, 1933 e 1934. A fotografia acima é da equipe de 1933.

O Romeu está de gorro na cabeça, sentado no centro da primeira fila.
Não sei dizer se essa posição na foto, no centro da primeira fila, indica que ele era o capitão do time. Se não era o capitão, era o craque. Até hoje, foi o único jogador, de qualquer time, que enfiou quatro gols no Corinthians na mesma partida.

Aliás, o Corinthians é freguês. O Estádio Municipal de São Paulo, mais conhecido como o Pacaembu, foi inaugurado em 1940 com um torneio quadrangular entre Palestra, Corinthians, Coritiba e Atlético Mineiro. Na primeira partida disputada no Pacaembu, em 28.4.1940, o Palestra venceu o Coritiba por 6 a 2. E, na final daquele torneio, venceu o Corinthians por 2 a 1.
O Pacaembu, projetado pelo arquiteto português Ricardo Severo (cunhado do Santos Dumont) é o mais importante exemplar, no Brasil, de arquitetura art deco (pronuncia-se decô).

Depois da copa de 1958, o Pacaembu passou a ter oficialmente o nome Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, porque o Paulo foi o chefe da delegação brasileira nas copas de 1958 e 1962, vencidas pelo Brasil. O apoio dele aos jogadores foi considerado tão importante que Paulo ficou conhecido como o Marechal da Vitória.

Paulo Machado de Carvalho havia sido presidente do São Paulo e, pela mãe, nascida Brasília Leopoldina Machado de Oliveira, era sobrinho do Professor José de Alcântara Machado de Oliveira, que foi presidente honorário do Corinthians, porque foi ele, quando vereador, quem conseguiu que a Prefeitura de São Paulo doasse, em 1916, o terreno onde foi construído o Estádio da Ponte Grande, o primeiro estádio do Corinthians.

A propósito, meu cunhado Marcelo Machado de Oliveira conta uma anedota de família que vale a pena compartilhar. O bisavô dele, José Carlos Machado de Oliveira (tio-avô do Paulo Machado de Carvalho), em algum lugar do passado, provavelmente entre 1880 e 1890, não quis comprar a Chácara do Pacaembu, a preço de banana, dizendo que aquilo só servia para fazer um açude e criar marrecos.

Procurei descobrir mais a respeito dessa anedota e encontrei, no acervo do Estadão, algumas informações interessantes. Na década de 1880, a antiga sesmaria do Pacaembu estava dividida em três “chácaras”: o Pacaembu de Cima, o Pacaembu do Meio e o Pacaembu de Baixo.

A Chácara do Pacaembu de Cima foi oferecida à venda mediante anúncios publicados várias vezes no Estadão. Por esses anúncios, sabe-se que media mil braças de testada por mais de meia légua de fundo. Estou com preguiça de fazer a conversão em hectares, mas, pela descrição, a “chácara” era uma fazenda, localizada grosso modo entre a atual Avenida Doutor Arnaldo e o início da várzea do Rio Pacaembu. A parte agricultável é descrita, naqueles anúncios, como as terras do Araçá (onde foi construído o Cemitério do Araçá, em 1887), mas também são mencionadas matas e um barreiro, o que indica que chegava até a baixada.

O Pacaembu do Meio, também chamado Campo das Perdizes, era bem menor e foi vendido por José Fabiano Batista, em 1873, à municipalidade de São Paulo, que pretendia construir ali o novo matadouro. O preço foi de 5:500$000 (cinco contos e quinhentos mil-réis). A julgar pelo nome alternativo, Campo das Perdizes, provavelmente correspondia, grosso modo, à área entre a atual Praça Wendell Wilkie e o início da Avenida Pacaembu, pegando uma parte da Praça Charles Miller.

Por eliminação, o Pacaembu que, segundo José Carlos Machado de Oliveira, não servia para outra coisa que não fosse criar marrecos, era o Pacaembu de Baixo e correspondia, grosso modo, a toda a área em torno da atual Avenida Pacaembu, até a altura da Avenida São João. Mas ele estava enganado quanto aos marrecos. Havia, no Pacaembu de Baixo, uma olaria que anunciava telhas, com frequência, no Estadão. Parece que o barro ali era bom. Aliás, na língua geral dos índios, Pacaembu quer dizer lamaçal, atoleiro. A propósito, o Brigadeiro José Joaquim Machado de Oliveira, bisavô do Paulo Machado de Carvalho e tetravô do Marcelo, publicou um vocabulário dessa língua dos índios. O Brigadeiro J. J. também é tio-tetravô da minha mulher, Maria Helena, e dos outros Machado Menten de Jundiaí.

Mas, voltando ao futebol, essa minha pesquisa não foi suficiente para esclarecer com certeza se o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho fica onde era o Pacaembu de Cima ou onde era o Pacaembu do Meio. Parece que era no Pacaembu de Cima, que chagava até um barreiro.

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