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Jundiaqui

 Felicidade
10 de junho de 2020

Felicidade

José Renato Forner escreve sobre Mario Gragnani, o Marião…

O Marião era meu amigo também. Digo também porque era amigo de MUITA gente. Éramos diferentes na idade e em algumas ideias, mas nunca na certeza que ele carregava e proclamava aos 4 ventos: “Todo ser humano é um espermatozóide que deu certo. E o objetivo é um só: a busca pela felicidade.” E dizia isso repetidamente, para não haver dúvidas. Como se quisesse conscientizar todo mundo a dádiva que é a vida.

O Marião conquistou uma raridade: ele era livre e sua liberdade era desfrutada tanto no banco de uma moto como na mesa de um bar. E com a mesma intensidade.

O Marião fazia jus à fama de boêmio. Alegrava o lugar por onde passava… Bebia devagar sua cerveja e, entre um gole e outro, compartilhava muita conversa, muita música, muito ensinamento. Muita alegria.

Toda mesa de bar com o Marião se transformava em aulas da mais pura filosofia e das mais sagazes piadas. Tive a oportunidade de dividir várias mesas com ele até pouco tempo, antes dessa pandemia quebrar encontros especiais.

Tive também o privilégio de tê-lo na plateia em dois espetáculos em que atuei. Digo privilégio, pois quem conhece o Marião sabe o quão difícil era tirá-lo de suas reuniões com amigos ao ar livre.

E nos encontros depois das peças vinham as palavras de incentivo e os elogios, que era outro dom do Marião. O Marião sabia reconhecer a trajetória do outro. Se interessava pelas conquistas alheias e fazia isso tão desprendido de ego e com tamanha alegria que parecia que a conquista era sua também.

Agora pensando, acho que essa conquista da liberdade e autonomia que carregou em sua existência por aqui se deve ao que de mais nobre um ser humano pode conquistar: a anulação do ego. O Marião era feliz porque sabia dividir as alegrias do outro.

São tantas, mas tantas histórias, tantos ensinamentos que fica difícil organizar tudo isso num texto. Porque as palavras se tornam lineares e o Marião era múltiplo. É muita vida, muita intensidade pra se conformar em palavras.

Na verdade só queria que ficasse registrada aqui a admiração por essa fortaleza que foi o MARIÃO.

Queria deixar registrado aqui o sorriso largo e os olhos cheios de histórias maravilhosas. Que fique aqui, nessas palavras, o legado de um homem de inteligência ímpar, de alegria contagiosa e que soube caminhar sobre chãos com sapatos cheios de brio. Um homem que se elevou pela simplicidade e soube viver para si e para os outros.

“Nasci Feliz
Vivi Feliz
E Feliz eu fui”

Mário Gragnani

José Renato Forner na foto com Marião e seu filho e melhor amigo, Rudy.

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