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Jundiaqui

 Nego Véio foi dono do apito mais conhecido do nosso Carnaval
22 de fevereiro de 2021

Nego Véio foi dono do apito mais conhecido do nosso Carnaval

Brilhou com a 28 e a Eldorado e até levou seu samba para a Rússia

Edu Cerioni

Nego Véio deixou saudade como o mais respeitado diretor de bateria das escolas de samba de Jundiaí. Nasceu em 1946 e morreu em 2004, o suficiente para marcar seu nome na história do nosso Carnaval.

Quem o conheceu lembra que era tão bom de samba quanto ruim de dar entrevistas.  É que seu negócio era apitar, quer seja em Jundiaí, sua cidade natal, em São Paulo ou até em Moscou.

Admir Silva (“d” mudo mesmo) foi frezador ferramenteiro aposentado na Tusa e fez muitos instrumentos para a baterias de escolas. Tinha orgulho de saber que alguns de seus agogôs foram exportados para a Europa.

Começou aos 14 anos na Escola de Samba do Clube 28 de Setembro e depois foi para a Caio, do Anhangabaú, quando tocava surdo. O apito lhe foi dado na época em que foi para São Paulo na Vai-Vai e contou que os bons apitadores que lhe serviram de inspiração foram o próprio Caio, Pixoxó e Tião Generoso.

Foram dez anos no samba paulistano, até ser resgatado para comandar a bateria da própria 28, onde ficou e brilhou de 1980 a 83. Foi trazido pelo grupo que tinha Waldir Xará, Vardilão e outros. E depois migrou com a turma para a campeoníssima Eldorado.

Chegou a comandar 157 instrumentistas em ensaios que começavam em agosto e iam até fevereiro, com a ajuda de César Luís Chieso, Zé Amendoim (José Carlos Fermino) e Tinha (Antonio Crispim).

O apito mais rigoroso do nosso Carnaval – e sai de baixo quem errar – nunca esqueceu uma grande mágoa, que foi a de ler nos classificados do “Jornal de Jundiaí” o seguinte recado no “Modulinho”: “Parabéns, Nego Véio, você conseguiu levar uma bateria para o brejo”.

Era uma referência a atravessada que a bateria deu no intervalo do primeiro jogo do ano do Paulista em 1986, diante do Grasshopper da Suíça, um amistoso internacional. Nego Véio sentiu a atravessada, mas ao invés de brigar com os batuqueiros, pediu que trocassem as arquibancadas pelo chão, entendendo que era ali que sabiam realmente tocar. Alguém discordou e o atacou pelas costas em um classificado gratuito por telefone e sem que se identificasse.

Do mesmo tamanho teve uma alegria em 2001 ao ser chamado pela Vai-Vai para ir com a bateria nota 10 para apresentações na Rússia. Em 2002 se viu vingado ao se tornar enredo de escola de Samba. A União do Povo o homenageou com o samba “Da Praça da Bandeira a Moscou, Nego Véio é Cidadão do Samba”.

Fotos: Reprodução jornal e Acervo Prof. Maurício Ferreira\Sebo Jundiaí

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